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Pai condenado por homicídio negligente de filha adolescente obesa

Diogo Barreto
Diogo Barreto 08 de fevereiro de 2023 às 07:00
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Kaylea Titford, 16 anos, tinha 146 quilos e sofria de espinha bífida, dependendo dos pais para se alimentar. Pai foi acusado de homicídio negligente da filha por não cuidar da sua dieta, no Reino Unido.

Kaylea Titford tinha 16 anos, media 1,45 metros e pesava mais de 140 quilos quando foi encontrada morta em casa, no País de Gales, em 2020. O pai foi condenado por homicídio negligente da filha, crime cometido durante os primeiros meses da pandemia de covid-19, sendo responsabilizado por não ajudar a filha a ter uma "dieta equilibrada". 

D.R.

Kaylea Titford, de Newtown, no País de Gales, sofria de espinha bífida, doença que a impedia de utilizar as pernas e que a limitava fortemente na sua mobilidade. Foi encontrada morta pelas autoridades em condições descritas como "degradantes", "desumanas" e "impróprias até para um animal", segundo os procuradores que acusaram os pais de homicídio negligente. A jovem esteve confinada à sua própria cama durante meses antes de morrer, sendo já demasiado pesada para se deslocar na sua cadeira de rodas. A sua causa de morte registada pela morgue foi "inflamações e infeções em muitas áreas devido a obesidade e complicações subjacentes, bem como imobilização numa rapariga que sofria de espinha bífida e hidrocefalia".

Segundo a acusação, citada pela BBC, Kaylea foi encontrada em condições consideradas "impróprias até para um animal, quanto mais para uma jovem vulnerável de 16 anos que dependia inteiramente de terceiros". A jovem estava deitada em roupas e lençóis sujos, sendo que do quarto emanava um cheiro a "podridão", segundo os paramédicos que acorreram ao local. Não foi possível calcular há quanto tempo estava naquela situação, mas a autópsia concluiu que as suas unhas dos pés não eram cortadas há seis meses e encontraram sinais de putrefação nas suas axilas, bem como larvas e vermes no seu corpo. 

Alun Titford, o pai, de 45 anos, foi condenado em tribunal esta quinta-feira. A mãe da adolescente, Sarah Lloyd-Jones, de 39 anos, já se tinha declarado culpada. Durante o julgamento, o pai reconheceu ter falhado para com a filha, recusando ser responsável pela sua morte. O casal tinha seis filhos. A sentença de Titfortd será proferida a 1 de março, no Tribunal de Swansea, no País de Gales. 

Ao longo das três semanas em que foi ouvido em tribunal, Alun Titford admitiu que era um dos responsáveis pela jovem de 16 anos, mas que nos últimos anos se tinha afastado da filha, por "não se sentir confortável" a ajudá-la, já que "era uma mulher" e que por isso ficou a mulher responsável pela jovem desde 2018. Admitiu que havia sido preguiçoso e desinteressado na dieta da filha.

A procuradoria da cidade de Newtown acusou a família de se aproveitar do confinamento para esconder as condições em que mantinha a filha escondida. 
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