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EUA: Mulher que recebeu órgão de porco quebra recorde

Luana Augusto
Luana Augusto 25 de janeiro de 2025 às 15:57
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Towana Looney, de 53 anos, recebeu um rim de porco e é agora a primeira recetora a mantê-lo mais de dois meses. Apenas quatro americanos receberam um órgão deste animal.

Uma mulher do Alabama, EUA atingiu um marco importante, este sábado (25), ao tornar-se a primeira recetora de um órgão de porco a mantê-lo há mais de dois meses. Recebeu um rim há exatamente 61 dias e, segundo a Associated Press (AP), está "saudável".

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"Sou uma super-mulher", disse Towana Looney à AP, enquanto contava que já consegue ultrapassar a sua família durante as caminhadas que fazem pela cidade de Nova Iorque. "É uma nova visão da vida."

Towana Looney doou um rim à sua mãe em 1999, mas complicações durante a sua gravidez acabaram por causar uma pressão alta que danificou o seu órgão restante. Passou oito anos a fazer diálise, mas os médicos viriam a concluir que provavelmente nunca receberia um órgão doado, já que havia desenvolvido níveis altos de anticorpos anormalmente preparados. Foi então que a mulher, de 53 anos, experimentou realizar um transplante com um rim de porco. Ninguém sabia se funcionaria em alguém "altamente sensibilizado" com aqueles anticorpos hiperativos.

A recuperação de Towana Looney vem agora trazer nova esperança aos cientistas, que têm tentado tornar os transplantes de animais numa realidade para os humanos. Até ao momento, apenas quatro americanos receberam transplantes de órgãos de porcos, geneticamente modificados. Receberam dois corações e de dois rins, masnenhum humano conseguiu sobreviver mais de dois meses.

"Se a vissem na rua não teriam ideia de que ela é a única pessoa no mundo que anda por aí com um órgão de porco a funcionar dentro dela", disse Robert Montgomery, que liderou a cirurgia. O desempenho de Towana é uma "experiência muito preciosa", acrescentou Tatsuo Kawai, médico que liderou, no ano passado, o primeiro transplante de rim de porco.

Segundo Robert Montgomert, a função renal de Towana está agora "absolutamente normal". Os médicos esperam que a mulher possa deixar Nova Iorque - onde está a morar temporariamente para realizar exames pós-transplante - daqui a pouco mais de um mês e que regresse à sua casa em Gadsden, Alabama.

"Estamos bastante otimistas que continuará a funcionar, e a funcionar bem por um período significativo", confessou Montgomert.

Vários cientistas estão a tentar alterar geneticamente porcos, para que os seus órgãos possam ser atribuídos a humanos, e desta forma conseguirem lidar com a escassez de órgãos humanos tranplantáveis. Segundo a AP, existem atualmente mais de 100 mil pessoas na lista de utentes a necessitarem de transplantes, nos EUA. A maioria precisa de um rim, mas milhares acabam por morrer à espera.

Até agora, os transplantes de órgãos de porco têm sido realizados apenas em casos de "uso compassivo", já que a Food and Drug Administration permite apenas a sua utilização em circunstâncias especiais, em que não existem outras opções.

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