A ginecologista e obstetra Maria Manuel Sampaio lançou um livro, que é um guia prático para responder às questões das grávidas, que surgem dos medos que sentem e que resultam dos imensos mitos que existem.
Gravidez sem medos nem mitos – tudo o que precisa de saber para viver uma gravidez descomplicada e felizé o novo livro da ginecologista e obstetra Maria Manuel Sampaio. Este guia prático, que vai desde a pré-conceção até à chegada do bebé, pretende desmistificar a gravidez para que a mulher possa desfrutar dela.
"Os medos advêm da falta de conhecimento das grávidas e por não estarem preparadas. O conhecimento faz com que percam o medo. Os mitos levam as mulheres a deixarem de fazer uma série de coisas, como comer morangos ou marisco, limitando-as e não as deixando viver a gravidez com tranquilidade", disse a médica da Cuf Porto, à SÁBADO, numa tarde em que previa fazer três partos e acabaram por ser cinco. "Este ano está a ser muito fértil em bebés, estou a fazer uma média de cinco partos por semana", acrescenta. Desmitificar medos é algo que a obstetra já vem fazendo. Há cerca de oito anos, lançou o blog Aos domingos no meu consultório, em que aborda assuntos da ginecologia, mas, acima de tudo, da gravidez.
Partos em casa, não!
Sobre a "moda" dos partos em casa, Maria Manuel Sampaio afirma ser contra e explica porquê: "Com tantos anos de evolução na ciência, é preciso ser muito inconsciente para optar por fazer um parto em casa, onde não há monitorização. Tem havido muitos casos de bebés a precisarem de assistência médica e de mães nos cuidados intensivos. Devia haver uma campanha de sensibilização para os partos em casa".
Eis alguns temas abordados no livro:
Estou grávida. E agora?
Cinco dias de atraso menstrual. Faço um teste de gravidez. O resultado é positivo. Pânico! E agora?
Ponto número 1: Nada de dizer a todos os amigos e conhecidos, nem publicar nas redes sociais! Porquê? Porque, infelizmente, uma percentagem significativa de testes positivos não chega a ser sequer traduzida por uma imagem ecográfica. Cerca de uma em dez a uma em cinco gestações, dependendo da idade da mãe, não evolui. Não vale a pena todos saberem de uma novidade que não chegará a ser, e isto sem falar nos casos em que, por desconhecimento desta realidade, as mães levam os filhos mais velhos a ver "o mano" quando a gravidez não evolui, é triste para a criança pensar que o "bebé" morreu, quando nem chegou a existir ou não passou de uma ervilha de nove milímetros.
O que não devo mesmo comer
Ovos?
Pode e deve comer ovos, desde que bem cozinhados. A salmonella, uma bactéria que, por vezes, está presente nos ovos crus, pode provocar gastroenterite. Qualquer distúrbio gastrointestinal que se tenha na gravidez é idêntico ao da mulher não grávida e tratado de igual modo: hidratação fracionada e dieta. O único problema é que estamos grávidas: cuidado a redobrar porque, nesta fase, qualquer sintoma causa mais ansiedade.
Queijos?
Deve evitar comer queijos não pasteurizados. Podem conter uma bactéria — a Listeria —, cuja infeção deve ser evitada na gravidez, podendo estar associada a aborto.
Carne?
Sim, mas bem cozinhada. Carne mal cozinhada pode conter, além da toxoplasmose, salmonella e outras bactérias que provocam gastroenterites complicadas.
Sushi?
Se é amante de sushi, respire fundo. Pode comer, desde que confecionado em locais de confiança. Evite locais "manhosos" que usem peixe selvagem não congelado.
Cafeína?
Pode. Limite? Evite mais de 200 mg/dia. Uma chávena de expresso contém cerca de 50 mg, portanto, não mais de
4 chávenas/dia.
Intimidade e gravidez
"Agora, que estou grávida, não posso ter relações sexuais…" Pensamento mais errado! Se pertencer ao pequeno grupo de pessoas que acredita que a relação sexual tem apenas o fim reprodutivo, compreendo. Caso contrário, não. Excetuando raros casos, em que será alertada para tal, as relações sexuais não estão contraindicadas. Numa gravidez a decorrer sem intercorrências, o coito não interfere com o bebé. O colo do útero funciona como uma porta espessa, de cerca de 3–4 cm, que separa a vagina da bolsa que envolve o bebé. É importante esclarecer este ponto, porque, por vezes, até o próprio parceiro tem receio de "magoar" o bebé durante o ato e precisa de saber que tal não tem razão de passar pelo seu pensamento.
A maternidade adiada
Ser mãe depois dos 35 anos é denominado pela ciência como "idade materna avançada" ou "gravidez geriátrica". Penso que estes termos, além de roçarem o insulto, têm de ser repensados e, pelo menos, estenderem-se aos 40 (continuamos novas aos 40, note-se bem, mas engravidar começa a ser mais difícil e com mais riscos). A ciência avança e vai contrabalançando esta tendência. Penso que faz parte da evolução. E, um dia, isto tudo será obsoleto. A mulher, ao nível reprodutivo, apresenta uma característica difícil de contornar e que nos coloca precisamente na pertinência deste tema. Ao nascer, já temos todos os óvulos que vamos ter na vida (os óvulos são células sexuais que darão origem a um novo indivíduo se ocorrer a fecundação). Este pressuposto leva a que a passagem do tempo implique a diminuição dos óvulos (estes são consumidos até à menopausa) e que estes fiquem mais "velhos" e percam qualidade.
Queria alertar-vos para as duas ramificações deste facto: Por um lado: — A fertilidade diminui — óvulos em menor número e com menos qualidade; A taxa de aborto aumenta, e muito (cerca de 10% aos 20 anos, 20% aos 35 anos, 40% aos 40 anos e 85% aos 48 anos); O risco de ter gémeos aumenta com o avançar da idade. Em primeiro lugar, porque a ovulação, por vezes, é múltipla nos meses em que ocorre. Em segundo, por causa do aumento de utilização de técnicas de procriação médica assistida nesta faixa etária;
A diminuição da qualidade dos óvulos implica não só o risco aumentado de aborto mas também o risco de malformações e alterações dos cromossomas, como a trissomia 21; Há um conjunto de patologias cuja incidência é aumentada nestas grávidas, como a diabetes gestacional e a doença hipertensiva; Na gravidez, há um risco aumentado, além do aborto, de morte fetal e de parto pré-termo, com tudo o que isso implica;
Por outro lado, ou abdicamos de ser mães ou vivemos a vida e ajustamo-nos ao novo mundo. Que quero dizer com isto? Duas coisas. A primeira é que, se faz parte do seu plano de vida ser mãe, tente. Peça orientação ao seu obstetra. Procure alguém que tenha conhecimento na área da fertilidade. Planeie, seja bem orientada e o sonho será realizado. Segundo ponto: não espere demasiado! Não coloque a família em segundo plano.
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