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Infertilidade: “Temos de voltar ao tempo das nossas avós, quando se era mãe na casa dos 20 anos”

A pílula deu controlo à mulher para adiar a maternidade, mas isso provocou um aumento dos casos de infertilidade. E os tratamentos de reprodução assistida também são afetados pela idade.

Existem 300 mil casais inférteis em Portugal, cerca de 15% da população em idade reprodutiva, segundo a Associação Portuguesa de Fertilidade. Grande parte são motivados pela decisão de adiar a maternidade para uma idade em que o corpo já não está tão disponível.

"É difícil explicar às gerações atuais que o relógio biológico não acompanhou a evolução da sociedade", diz Nisa Félix, médica ginecologista e obstetra da Ferticentro - Clínica de Fertilidade. "O nosso relógio biológico continua programado para sermos mães na casa dos 20 anos", acrescenta.

A pílula permitiu às mulheres controlar a sua reprodução e planear o melhor momento para ser mãe. Mas o que aconteceu foi um adiamento para ter o primeiro filho cada vez mais tarde: a idade situa-se agora nos 30,8 anos. 

"O problema não é controlar a reprodução, é não planear a maternidade", diz Nisa Félix. "Planeamos estudos, férias, viagens e não planeamos o momento para sermos mães. Isto tem um custo: quando quisermos podemos não conseguir."

É que, para agravar a situação, engravidar não é uma tarefa fácil. O ser humano é mesmo uma das espécies animais com uma taxa de fecundabilidade mais baixa. "Por cada ciclo fértil, a nossa capacidade de engravidar é de apenas 20%", diz a ginecologista. 

As técnicas de reprodução assistida podem ajudar no momento da inseminação do óvulo pelo espermatozoide, mas não alteram as dificuldades provocadas pela passagem dos anos. A idade é, de longe, o fator com mais impacto na fertilidade. 

"Há cada vez mais casais com idades superiores aos 40 anos a procurar ajuda para engravidar e pensam que a fertilização in vitro (FIV) é a solução de todos os problemas", diz Nisa Félix. Não é.

"Na FIV dependemos da qualidade e quantidade dos óvulos, que diminuem a partir dos 40 anos", explica Nisa Félix. "O tratamento visa recrutar o maior número possível de óvulos, mas não ajuda a produzir mais", acrescenta. "Ainda não temos forma de rejuvenescer o ovário", reforça.

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Considera-se infértil, um casal que ao fim de 12 meses de relações sexuais desprotegidas não consiga engravidar. "A janela de tempo para tratamentos começa a fechar-se para os casais mais velhos: a partir dos 35 anos, devem pedir ajuda ao fim de 6 meses", recomenda Nisa Félix.

Para quem não quer ser mãe aos 20 anos há uma solução: criopreservar os óvulos. "É importante que se realize a criopreservação até aos 35 anos de idade", salienta a ginecologista. Mas também esta não é uma opção que garanta com 100% de certeza uma gravidez. "Não sabemos como os óvulos irão comportar-se e depende também da saúde e estilo de vida da mulher na altura da inseminação." Excesso de peso e consumo de álcool e tabaco afetam a fertilidade feminina.  

O processo de criopreservação ronda os 2.500 euros, mas a medicação é comparticipada pelo Serviço Nacional de Saúde em 90%. "O ideal é voltarmos ao tempo das nossas avós, quando se era mãe na casa dos 20 anos", conclui Nisa Félix.

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