Eurico Reis, que foi presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, diz que os mais novos vão sentir estas limitações como "um castigo" .
O juiz desembargador Eurico Reis alertou hoje que obrigar as crianças nas creches ao distanciamento social é "uma violência sem nome" que deixará "marcas profundas" e pediu que se arranjem outras soluções para evitar esta situação.
O regresso às creches e às amas, que recebem crianças até aos três anos, está marcado para segunda-feira, com várias regras como o distanciamento físico, a não partilha de brinquedos ou uso de máscara pelos educadores, para evitar a propagação do vírus SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19.
Em declarações à agência Lusa, o juiz desembargador Eurico Reis, que foi também presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), manifestou-se chocado com o facto de as pessoas não compreenderam que "é absolutamente impossível impor a uma criança distanciamento social" e que se vai "quebrar tudo o que é natural nelas".
"Nós falamos muitas vezes no superior interesse da criança, mas não olhamos para as crianças como elas são, não percebemos que elas não são adultos e que há coisas que não são possíveis fazer com elas", como impedi-las de brincarem umas com as outras.
Eurico Reis alertou que as crianças vão sentir estas limitações como "um castigo" e não vão perceber porque lhes está a ser imposto, uma situação que pode "causar traumas" no futuro.
"Se nós quisermos ter robot, autómatos, que não pensam, podemos confiná-las, podemos pô-las em gaiolas, em jaulas, mas depois vamos ter adultos com imensos traumas, dificuldades de relacionamento com as outras pessoas e vão ser pessoas pouco criativas", sublinhou.
Nas crianças, o que "é importante" é despertar a sua "curiosidade, despertar a sua criatividade, estimular a sua liberdade" e o que vai acontecer é exatamente oposto, as crianças vão ser "obrigadas a este enjaulamento".
"Não sei o que é que se passa na cabeça das pessoas, só mesmo quem não presta o mínimo de atenção às crianças é que consegue conceber que é possível fazer isso sem provocar traumas profundos, porque estão a atentar contra a natureza nas crianças", sublinhou.
Eurico Reis disse compreender que "há problemas sociais, que são extremamente graves, e que obrigam os pais a ir trabalhar porque precisam de dinheiro para pagar tudo o resto", mas então, apelou, "arranjem outras soluções porque isso vai ser demasiado traumatizante para as crianças.
Nesse sentido, defendeu que as autoridades deviam permitir que os pais pudessem ficar mais tempo em casa, até ao próximo mês, esperar que a pandemia abrande mais e comece a haver menos casos de infeção.
Mas se a decisão avançar, disse, é preciso ter "a noção de que constranger as crianças ao distanciamento social é uma violência sem nome que vai deixar marcas gravíssimas e profundas nas crianças que forem obrigadas a isso".
A Direção-Geral da Saúde divulgou um conjunto de normas orientadoras para as creches quando reabrirem como reduzir o número de crianças por sala e a definição de horários de entrada e de saída desfasados e a criação de circuitos de entrada e saída da sala de atividades para cada grupo
Nas salas em que as crianças se sentam ou deitam no chão, o calçado deve ser deixado à entrada, podendo ser solicitado aos encarregados de educação que levem calçado extra (de uso exclusivo na creche), uma recomendação que também se aplica aos funcionários do espaço, que têm de usar máscara cirúrgica.
Entre outras medidas, os funcionários devem pedir aos encarregados de educação que não deixem as crianças levar brinquedos ou outros objetos não necessários de casa para a creche e garantir a lavagem regular dos brinquedos.
As creches encerraram em 16 de marco por decisão do Governo para combater a pandemia de covid-19.
Crianças em distanciamento social? "É uma violência sem nome"
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