Ao longo de séculos a mulher foi responsabilizada, mas a doença afecta igualmente os dois sexos. Eles sentem culpa e vergonha, mas fazem de tudo para ser pais
Durante meses, não contaram a ninguém: familiares, amigos ou colegas de trabalho. "Não senti a necessidade de partilhar com outros homens", diz Gabriel. "Nunca fui próximo do meu pai e sempre fiz tudo sozinho: paguei a minha universidade, mestrado e doutoramento." Vanessa manteve o segredo, mas participava em fóruns, queria perceber como os outros ultrapassavam as mesmas dificuldades. Na maior parte das vezes, também são elas quem mais procura ajuda psicológica. "Querem saber se é normal a irritabilidade, invejarem outras mulheres grávidas, estarem zangadas com o corpo", explica Ana Pereira. Além de colaborar com a Associação Portuguesa de Fertilidade (APF), a psicóloga trabalha com a AVA Clinic, clínica de fertilidade que tem uma linha de apoio – mediante marcação, a especialista fala por telefone ou Skype. É rara a vez em que lhe calha uma voz masculina do outro lado – elas têm mais tendência a exteriorizar as emoções, eles sentem-se mais culpados. Gabriel admite: "Pensei afastar-me. Estava a causar um sofrimento que ela não merecia. Passou pelos tratamentos e pelas tentativas falhadas, todos aqueles testes negativos… é um processo longo e penoso." Nos piores momentos, chegou a dizer à mulher que ela estaria melhor sem ele, mas acabaram por enfrentar juntos o diagnóstico de infertilidade masculina.
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A condenação do CSMP assenta na ultrapassagem das limitações estatutárias quanto à duração dos mandatos e na ausência de fundamentos objetivos e transparentes nos critérios de avaliação, ferindo princípios essenciais de legalidade e boa administração.
A frustração gera ressentimento que, por sua vez, gera um individualismo que acharíamos extinto após a grande prova de interdependência que foi a pandemia da Covid-19.