Prelado de 76 anos era um dos colaboradores mais próximos de Francisco, mas acabou suspenso para a vida de todos os cargos públicos e condenado a cinco anos e seis meses de pena no caso de corrupção que abalou o Vaticano. Papa não queria que participasse no Conclave, mas ele defende que os seus direitos não estão suspensos. Como vai ficar este caso?
Depois do funeral do Papa Francisco, que se realizou ontem, sábado, o Vaticano vai ter de se concentrar numa questão polémica. A intenção do cardeal Angelo Becciu de participar na eleição do próximo bispo de Roma. Em teoria, o religioso de 76 anos poderia fazê-lo, mas o facto de ter sido condenado em primeira instância a cinco anos e seis meses por peculato - decisão da qual ainda corre o recurso - e de estar, por isso, privado dos seus direitos cardinalícios e de Francisco aparentementeter a intenção de o excluir da votação, promete criar tensão entre a congregação dos cardeais que agora têm uma palavra final.
AP Photo/Gregorio Borgia, File
Certo é que Becciu se apresentou no Vaticano, para participar nas cerimónias e ter uma palavra a dizer no Conclave - que deve começar algures entre 5 e 10 de maio -, alegando que o Papa não lhe tinha tirado os seus direitos. E inicialmente, segundo escreve a imprensa italiana, o decano do colégio cardinalício, Giovanni Battista Re, acedeu ao pedido do cardeal sardo. Porém, o camerlengo Kevin Farrell revelou que Francisco tencionava excluir Becciu.
Segundo o jornal Domani, foi o próprio cardeal Pietro Parolin que mostrou duas cartas escritas à mão e assinadas com o "F" característico do Papa, que morreu na segunda-feira, 21 de abril, aos 88 anos. Uma data de 2023, quando Becciu foi condenado em tribunal, e outra de março deste ano, quando Francisco já estava internado com pneumonia bilateral.
Não se sabe se estas cartas vão demover Becciu de participar na eleição do sucessor de Francisco ou se esta será uma decisão entregue às congregações em curso (reuniões dos cardeais, para tomar decisões colegiais importantes até à nomeação de um papa).
Giovanni Angelo Becciu ficou ligado a um dos maiores escândalos da Santa Sé dos últimos anos: a compra de um prédio de luxo em Londres, por 200 milhões de euros, alegadamente através do fundo de doações de fiéis. Depois de uma investigação demorada e um julgamento de dois anos e 86 audiências, o prelado acabou condenado a cinco anos e seis meses de prisão e a uma proibição perpétua de exercer funções públicas. Durante todo o processo e ainda hoje, Becciu mantém que está inocente e recorreu da condenação, um processo que ainda decorre.
Em 2020, durante a investigação, o Papa Francisco aceitou a sua renúncia ao cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e aos "direitos inerentes ao cardinalato". Apesar de ter mantido o título de cardeal, ficou sem qualquer cargo na Cúria. Mas é a manutenção do título que leva agora Becciu a defender que ainda tem o direito de participar no próximo conclave.
O cardeal caído em desgraça foi ordenado padre em 1972 e entrou para o serviço diplomático da Santa Sé a 1 de maio de 1984. Trabalhou nas representações papais na República Centro-Africana, no Sudão, na Nova Zelândia, na Libéria, na Grã-Bretanha, em França e nos Estados Unidos. Sob João Paulo II foi Núncio Apostólico em Angola, São Tomé e Príncipe. Com Bento XVI, foi núncio em Cuba. Em 2011, entrou na Secretaria de Estado como substituto para os Assuntos Gerais, função mais tarde confirmada por Francisco. Em 2018, Bergoglio nomeou-o cardeal e, no ano seguinte, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
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