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A investigadora Virginia Dignum assinala que a IA, embora se assemelhe à inteligência humana, e até a supere nalgumas tarefas, continua a ser limitada pelas técnicas de computação.
A investigadora Virginia Dignum assinalou hoje que a inteligência artificial (IA), embora se assemelhe à inteligência humana, e até a supere nalgumas tarefas, continua a ser limitada pelas técnicas de computação e dificilmente agirá como e contra os humanos.
REUTERS/Florence Lo/Illustration
"A IA parece-se bastante connosco, tem a capacidade de classificar coisas, identificar, de prever com base em dados do passado", mas "no fim de contas", resume-se a "fórmulas matemáticas que não têm capacidade de desenvolver ambições, intenções ou consciência", disse a docente portuguesa, que leciona IA Responsável na Universidade de Umeå, na Suécia.
"Nós é que temos a capacidade de atribuir consciência e intenções a objetos e sistemas inatos", sublinhou.
Virginia Dignum integra o órgão consultivo das Nações Unidas para a IA recentemente criado por indicação do secretário-geral, António Guterres.
Até ao verão do próximo ano, este órgão deverá apresentar uma proposta de "figurino" de uma agência da ONU para a inteligência artificial, para ser apreciada pelos Estados-membros, mas, antes disso, até dezembro, deverá produzir um relatório com o levantamento de riscos, problemas, benefícios e oportunidades da IA e com recomendações.
Segundo Virginia Dignum, há limites para o que pode ser feito com as técnicas de computação atuais. A consciência é um deles.
"O ChatGPT [programa de IA que permite simular uma conversação na internet com humanos] é capaz de falar e explicar tudo e mais alguma coisa sobre gatos, mas não sabe o que é um gato, nunca sentiu um gato, nunca viu um gato, nunca interagiu com um gato. A única coisa que sabe são textos que foram escritos e imagens que foram feitas sobre gatos", exemplificou.
Virginia Dignum sublinhou que os programas de inteligência artificial continuam a ser isso mesmo, "programas, algoritmos, receitas".
"Receitas complexas, receitas para fazer receitas, programas que produzem programas", descreveu, admitindo que, apesar dessa programação, podem surgir "comportamentos inesperados prejudiciais".
"Mas não quer dizer que o sistema está fora de controlo, podemos pará-lo", acautelou.
Para a investigadora, apesar de a IA superar a capacidade da inteligência humana na resolução de problemas, como o cálculo de uma raiz quadrada, está longe do que os humanos podem fazer.
"A inteligência humana não é só a capacidade de resolver problemas", sentenciou, listando nas "capacidades multivariadas" da inteligência humana "as emoções, a inteligência musical, espacial, social".
"A IA não é inteligente como nós somos inteligentes, não é tão artificial como nós pensamos que é", frisou, acrescentando que a sua autonomia "é mais automatismo".
Por isso, Virginia Dignum considera "completamente implausível" que a IA atue fora de controlo e contra os humanos, os que criaram a tecnologia.
"Inteligência artificial dificilmente agirá contra os humanos"
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