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Heloísa Apolónia nega que Verdes sejam apêndice do PCP

17 de setembro de 2015 às 10:28
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Em entrevista, deputada diz que há total independência entre partidos, mas que em coligação "há mais força" para derrotar a direita

A deputada e dirigente do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) sublinha a autonomia face ao PCP, mas reconhece que há "mais força" em coligação para "derrotar a política de direita" e ambos os partidos somam "mais que dois".

Heloísa Apolónia, em entrevista à Lusa, remeteu ainda qualquer posicionamento sobre presidenciais para depois das legislativas, "com todas as possibilidades em aberto", e revelou que a preparação para o último dos debates televisivos, com o também vice-líder de Portugal à Frente (PSD/CDS-PP), Paulo Portas, foi a última legislatura, bastando-lhe confrontar o adversário com o actual estado do país.

"A estratégia de 'Os Verdes' para cada acto eleitoral é discutida sempre na direção, previamente... Costumo dizer que a CDU faz com que um (partido) mais um não sejam dois, mas mais do que dois e isso é extraordinariamente positivo", justificou.

A "número dois" da CDU por Setúbal rebateu a desconfiança sugerida pelos líderes das bancadas da maioria governamental - no sentido de o PEV ser um mero "apêndice" dos comunistas - ao defender que "a génese dessa ideia é o reconhecimento por parte dessas pessoas da força da CDU porque esta CDU incomoda muito".

"Por parte do PS, PSD e CDS, sei que há grande desejo de que esta CDU se fragmentasse porque unida tem mais força, é uma maior ameaça. Eles também a entendem como uma possível alternativa para o País. Nós cá estamos para lhe dar força, credibilidade e muita seriedade no trabalho que empreendemos", prometeu.

A líder parlamentar ecologista garantiu que "'Os Verdes' são autónomos" e "não há nenhuma ingerência do PCP nos Verdes ou dos Verdes relativamente ao PCP".

"Fazendo um balanço tão positivo desta coligação e querendo imprimir-lhe mais força e dinâmica, com a ideia de que há um campo de crescimento muito grande e há pessoas, nestas eleições, que vão votar pela primeira vez na CDU, não tínhamos razão absolutamente nenhuma para fazer um favor ao PSD, ao PS e ao CDS e desfazer a CDU", afirmou, relativizando o surgimento de vários novos partidos e movimentos.

A deputada do PEV, destacada para enfrentar o vice-primeiro-ministro na derradeira discussão televisiva de 18 de Setembro, após PSD e CDS terem imposto a presença de Portas, mostra-se pronta, após quatro anos no parlamento, "com o Governo maioritário de PSD e CDS" e o constante confronto "com as medidas que foram sendo tomadas, a pouca ou nula credibilidade daquilo que foi sendo dito e depois foi sendo feito, tudo ao contrário".

"Nós, na CDU em geral e nos 'Verdes' em particular, nunca negámos diálogo com ninguém. Quem acompanhe o trabalho parlamentar percebe que não votamos as coisas em função da sua origem. Venha de que partido vier, se a considerarmos benéfica para a estratégia de desenvolvimento do país, tem sempre, mas sempre o nosso voto favorável. Se a considerarmos prejudicial, tem sempre, mas sempre, o nosso voto contra", contrapôs sobre eventuais possibilidades de convergência com o PS.

Segundo Heloísa Apolónia, "os programas eleitorais, em muitas coisas, são genéricos e têm princípios com os quais, naturalmente", há concordância, porém, em "outras matérias, por exemplo como a redução da Taxa Social Única (TSU), que o PS apresenta, ou a fragilização das relações de trabalho", nunca os socialistas "poderiam contar" com a "anuência" do PEV.

"'Os Verdes' entendem que a política ambiental deve estar ao serviço das pessoas e da estabilidade dos ecossistemas. Fazer um esforço de investimento é promover essa qualidade de vida que as populações merecem e até necessitam para sua segurança", disse, condenando os responsáveis políticos "da direita", que "olham para a área ambiental e percebem 'onde é que a gente aqui pode gerar negócio, onde é que a gente aqui pode não desfazer os interesses dos grandes negócios?'".

A parlamentar do PEV apontou o combate aos organismos geneticamente modificados e à privatização do setor da água como prioridades, além da renegociação da dívida e do estudo do abandono de Portugal da moeda única europeia, lamentando a "cedência" de Passos Coelho e Paulo Portas "aos interesses dos grandes grupos económicos".

"Nós consideramos que remendar o mal que foi feito é o estímulo necessário para promover o desenvolvimento económico que desejamos", acrescentou, defendendo a "reposição de salários" e do abono de família, entre outras de uma série de iniciativas em carteira.

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