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China alarga 'lista negra' de destinos turísticos de jogo em casino no estrangeiro

28 de janeiro de 2021 às 07:40
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As novas restrições visam "regular melhor o mercado do turismo" e "salvaguardar a vida e a propriedade dos cidadãos chineses", indicou, em comunicado, o Ministério da Cultura e do Turismo da China.

A China vai adicionar novos destinos a uma 'lista negra' criada para dissuadir os chineses de jogarem em casinos no exterior, atividade que custa ao país o equivalente a quase 130 mil milhões de euros anualmente.

As novas restrições visam "regular melhor o mercado do turismo" e "salvaguardar a vida e a propriedade dos cidadãos chineses", indicou, em comunicado, o Ministério da Cultura e do Turismo da China.

Em agosto passado, o país tinha anunciado a criação de uma 'lista negra' de destinos turísticos de jogo por perturbarem a "ordem comercial do mercado de turismo no estrangeiro da China", impondo restrições a viagens a lugares onde os chineses frequentemente vão jogar.

Embora a lista não tenha sido tornada pública, Filipinas, Myanmar (antiga Birmânia), Malásia, Vietname e Camboja são todos destinos frequentes para os jogadores chineses.

"Casas de jogo nas Filipinas, Myanmar e outros países vizinhos têm atraído cidadãos chineses de forma imprudente nos últimos anos", disse o chefe do gabinete de cooperação internacional do Ministério de Segurança Pública chinês, Liao Jinrong, em setembro passado, durante um fórum, em Pequim.

"O jogo transfronteiriço está frequentemente relacionado com o crime organizado, fraude, sequestro e tráfico e imigração ilegal", apontou.

O Ministério de Segurança Pública chinês indicou que mais de 600 suspeitos chineses envolvidos em jogos de azar transfronteiriços foram presos, no ano passado, em operações conjuntas com a polícia de vários países do sudeste asiático.

O antigo diretor da Academia Chinesa de Ciências Fiscais, um influente 'think-tank' do Ministério das Finanças da China Jia Kang estimou que o país perde anualmente pelo menos um bilião de yuan (130 mil milhões de euros), ou 1% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, para casinos no exterior.

"Há uma proibição local dos jogos de azar, e por isso [os chineses] vão para o exterior jogar. Com o atual suporte tecnológico, podem também jogar através de um intermediário fora do país", explicou à agência Lusa.

No ano passado, a polícia investigou supostas irregularidades em investimentos no exterior por empresas chinesas e impediu que alguns cidadãos chineses viajassem para lugares que constam na lista negra.

Apesar das crescentes restrições ao jogo no exterior, Jia Kang previu um "desenvolvimento estável" para a atividade a região semiautónoma chinesa de Macau, único local em toda a China onde o jogo em casino é legal. "A fórmula 'um país, dois sistemas' não vai mudar facilmente. A indústria dos jogos de azar em Macau certamente terá perspetivas de desenvolvimento relativamente estáveis", disse.

Os casinos daquela que é considerada a capital mundial do jogo foram duramente atingidos pela pandemia de covid-19, com uma queda de 79% das receitas no ano passado, em relação a 2019, quando obteve receitas de 292,4 mil milhões de patacas (cerca de 31,1 mil milhões de euros).

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