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Rio não exclui apoio a cargo europeu de Costa, que poderia partir o PS

30 de julho de 2021 às 10:46

"O primeiro-ministro já veio dizer que em setembro vai abrir tudo, mas ele não sabe se pode abrir tudo, o que sabe é que há eleições em setembro", lembra o líder do PSD.

O presidente do PSD não exclui apoiar o primeiro-ministro para um cargo europeu, mas ressalvou que "depende de muitos fatores" e sublinhou os constrangimentos de António Costa nesse cenário, perante o PS que ficaria partido.

"O cargo de que está a falar é o de presidente do Conselho Europeu, não sei se é essa a ideia que está na cabeça dele. Não digo que não. Mas ele também tem os constrangimentos do seu próprio partido: o que é que acontece ao PS? Parte-se todo se ele sair. A tendência natural é apoiar portugueses em cargos internacionais, mas isso depende de muitos fatores", afirmou ao Expresso quando questionado se apoiaria a nomeação de António Costa para um cargo europeu.

Numa entrevista ao semanário Expresso, Rui Rio diz que se estivesse no Governo reduzia o IVA da restauração dos atuais 13% para 6% durante os próximos dois anos, "dado que a restauração foi um dos setores mais massacrados" pela pandemia de covid-19, e considera que há eleitoralismo numa abertura total do país antes das autárquicas de 26 de setembro.

"O primeiro-ministro já veio dizer que em setembro vai abrir tudo, mas ele não sabe se pode abrir tudo, o que sabe é que há eleições em setembro. Se abrir uma semana ou duas antes é eleitoralista", sustentou.

Na entrevista, Rui Rio diz não ver nenhuma alternativa forte para lhe disputar a liderança do partido, mas adverte: "Depois das autárquicas logo se verá."

Sem se comprometer com metas concretas nas eleições que se avizinham, assume: "Obviamente que, se o resultado for mau, o que é que uma pessoa faz?"

"O difícil é avaliar o que poderá ser um resultado bom: uma coisa é ganhar uma câmara com cinco mil habitantes, outra coisa é ganhar Lisboa. Só no fim é que se verá o que é satisfatório ou não", afirmou.

Rio sublinha que "em 308 municípios, não há nenhum, nem Lisboa nem Porto", cujo resultado determine se fica ou saia, mas "coisa diferente é olhar para os 308 municípios no seu conjunto e fazer essa avaliação".

"O 'se' não conta nada. Se perdesse Lisboa e Porto e tivesse um bom resultado no resto era fantástico. Percebe a ironia? Não vou medir por nenhuma câmara em concreto. No caso do Porto, não sei se a sondagem responde ou não à realidade, mas há uma coisa que tem falhado no PSD: os portuenses ainda não perceberam que há uma clara coligação entre o primeiro-ministro e o movimento de Rui Moreira. Quem votar em Rui Moreira está a votar no PS no poder no Porto. Votar nele é mais de meio voto no PS", argumentou Rio, que foi presidente da câmara da Invicta entre 2002 e 2013.

Ainda sobre as autárquicas, o presidente do PSD insistiu que esse ato eleitoral devia ter sido adiado por causa da pandemia: "O PS sabia perfeitamente que se adiássemos as eleições um mês ou dois poderíamos fazer campanha à vontade. Mas como o PS tem 161 presidentes de câmara e nós 98 dá jeito não ter uma campanha eleitoral decente."

Sobre a reforma do sistema eleitoral e a revisão da Constituição, propostas apresentadas recentemente pelo PSD, diz não estar convencido de que o PS se sente "à mesa" para negociar esses dossiês e assume que está agora numa etapa diferente dentro da sua postura propositiva pelo bem nacional.

"Fiz tudo o que era possível. Parti, então, para uma etapa diferente de há uns meses para cá: estão aqui as nossas propostas, vamos ver se votam contra ou a favor, se negoceiam ou não. Se o PS não quiser, cabe-me a mim e ao PSD explicar aos portugueses que não se muda nada porque o PS não quer. E o PS não quer porque o PS é o sistema", afirmou.

Questionado se esta atitude dá razão ao antigo primeiro-ministro e líder do PSD Pedro Passos Coelho quando disse que as reformas fazem-se em confronto, Rui Rio respondeu: "O que Pedro Passos Coelho queria dizer com isso era 'já tentaste, se eles não querem, tens de avançar'. E é o que eu estou a fazer. Mas aritmeticamente é o que é, pois precisamos dos votos do PS para aprovar estas reformas".

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