Marcelo: "Não há sucessos eternos nem revezes definitivos"
Presidente da República pediu "uma segurança interna que seja encarada como penhor de tranquilidade e previsibilidade por parte dos cidadãos"
O Presidente da República considerou hoje que as eleições autárquicas de domingo "devem ser encaradas com apreço", pelo "envolvimento cívico" demonstrado pelos portugueses, realçando a diminuição da abstenção.
Esta foi a única referência explícita que Marcelo Rebelo de Sousa fez às eleições de domingo na sessão solene comemorativa do 107.º aniversário da Implantação da República, num discurso em que, falando de forma genérica, alertou que "não há sucessos eternos nem revezes definitivos".
O chefe de Estado discursou hoje na Praça do Município, em Lisboa, quatro dias depois das autárquicas, em que o PS foi o partido mais votado, obtendo a maioria das presidências de câmara, e cujos resultados levaram Pedro Passos Coelho a anunciar o fim do seu ciclo na liderança do PSD.
Marcelo Rebelo de Sousa, que entre segunda e quarta-feira recebeu os partidos com assento parlamentar no Palácio de Belém, ainda não tinha falado sobre estas eleições publicamente.
Na parte inicial do seu discurso, o Presidente da República defendeu que é preciso "um poder local forte e próximo das pessoas" e, neste contexto, disse que "as eleições de há quatro dias devem ser encaradas com apreço, olhando às centenas de milhar de candidatos e à redução do nível de abstenção".
No domingo, a abstenção a nível nacional foi de 45%, um valor ligeiramente abaixo dos 47,4% registados em 2013, ano em que se atingiu a taxa de participação mais baixa de sempre em eleições locais, que se realizam desde 1976.
Segundo o chefe de Estado, nestas eleições "os portugueses entenderam a importância do seu envolvimento cívico, bem como a urgência de começar a inverter um sintoma de aparente desinteresse pela coisa pública".
Mais à frente, Marcelo Rebelo de Sousa apelou uma vez mais aos protagonistas políticos para que pensem mais a médio e a longo prazo, "ultrapassando o mero apelo dos sucessivos actos eleitorais", e neste ponto deixou um alerta, declarando: "Não há sucessos eternos nem revezes definitivos".
Presidente apela a segurança interna que dê tranquilidade
Marcelo afirmou que deve existir "uma segurança interna que seja encarada como penhor de tranquilidade e previsibilidade por parte dos cidadãos no exercício dos seus direitos, sempre, e em particular, em momentos mais críticos". Pediu ainda "uma Justiça que veja o seu estatuto devidamente prestigiado e se revele capaz de resolver os litígios em horizonte comparável aos dos nossos parceiros europeus".
Orientações para a democracia
O Presidente da República frisou o que constitui uma democracia política, que "impõe, desde logo, conjugação entre vitalidade económica, equilíbrio financeiro e preocupação social, condições para a salvaguarda da liberdade integral, não permitindo que as desigualdades ou as injustiças a esvaziem ou inviabilizem". O regime deve ainda impedir que haja "discriminações de qualquer espécie, do sexo à raça, da idade à condição social, da situação física à orgânica ou actividade territorial ou sócio-profissional".
Protesto de professores faz-se ouvir no 5 de Outubro
Dezenas de docentes manifestaram-se hoje junto à Praça do Município, em Lisboa. Apesar de terem gritado "Marcelo amigo, queremos falar contigo!", o Presidente da República já tinha saído quando se fizeram ouvir.
Edições do Dia
Boas leituras!