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Morreu Francisco Cuoco, o eterno galã de "O Astro"

Sónia Bento
Sónia Bento 20 de junho de 2025 às 12:38
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Com mais de seis décadas de carreira e cerca de 50 novelas, o popular ator brasileiro morreu aos 91 anos. Em Portugal ficou para sempre conhecido pela personagem de Herculano Quintanilha.

Francisco Cuoco morreu na quinta-feira, dia 19, aos 91 anos, com mais de seis décadas de carreira e 50 novelas. Conhecido pelo seu carisma e voz grave, em Portugal, o ator brasileiro tornou-se popular na telenovela O Astro, que a RTP transmitiu em 1978, ainda sem televisão a cores. Muitos ainda se recordam de Herculano Quintanilha, um vigarista que ao sair da cadeia, começa a trabalhar como vidente numa churrascaria até fazer amizade com Márcio (Tony Ramos), um jovem herdeiro que assume um cargo na empresa da família e leva Herculano com ele, que passa a exercer forte influência no clã.

O Astro, de Janete Clair, fez tanto sucesso que, na época, donos de restaurantes diziam que os estabelecimentos estavam vazios, porque as pessoas ficavam em casa a ver a novela. A cantora Maria Bethânia, durante um espetáculo no Canecão, no Rio de Janeiro, pediu uma televisão no camarim, para pode ver o episódio antes de entrar em palco. Carlos Drummond de Andrade, numa coluna no extinto Jornal do Brasil, disse que Janete Clair era "usineira de sonhos" e depois do último capítulo da novela, escreveu: "Agora que O Astro acabou vamos cuidar da vida, que o Brasil está lá fora esperando".

Filho de um imigrante italiano, Francisco Cuoco nasceu no bairro do Brás, em São Paulo, a 29 de novembro de 1933. Começou a trabalhar na feira, a ajudar o pai, e estudava à noite. Queria fazer o curso de Direito, mas nos anos 50 acabou por entrar na Escola de Arte Dramática. Estreou-se no teatro, em 1958, ao lado de Fernanda Montenegro e Sérgio Britto na peça A Muito Curiosa História da Virtuosa Matrona de Éfeso, num papel sem falas.

Participou em telenovelas na Rede Tupi e a sua estreia na Globo foi em 1970, no papel de padre Vitor, na novela Assim na Terra Como no Céu. Interpretou personagens em diversas produções, que passaram na RTP e na SIC, e que se tornaram populares entre nós, como Selva de Pedra, O Salvador da Pátria, Tropicaliente, O Clone ou mais recentemente Segundo Sol (2018).

Cuoco foi casado duas vezes, teve três filhos - Rodrigo, Diogo e Tatiana. Em 2010, causou polémica ao assumir a relação com a estilista Thaís Almeida - ela tinha 23 anos e ele 76. Viveram juntos durante sete anos. Nos últimos tempos, o ator passou por uma depressão durante a pandemia, sofria de vários problemas renais e de memória e pesava cerca de 130 quilos. Tinha dificuldades de mobilidade e morava com a irmã, Grácia, num apartamento, em São Paulo.

O ator estava internado há 20 dias, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo e a última aparição na televisão foi no passado dia 6, no programa Tributo, na TV Globo, numa entrevista gravada em sua casa, em junho de 2024, e que contou também com depoimentos emocionados de colegas como Tony Ramos, Renata Sorrah e Elizabeth Savalla. Companheira de cena em obras como Pecado Capital (1975) e Duas Vidas (1976), Betty Faria recordou as características de Cuoco: "Eu acho que a maior contribuição foram os valores morais dele, de saber que sucesso é igual a uma onda – que cresce e quebra na praia. Tem fases que está lá e tem fases que aqui. Ele já veio com essa consciência".

Com tantos anos de trabalho em televisão, no cinema e no teatro, estima-se que a fortuna do ator ultrapasse os 10 milhões de reais (€1,6 milhões), considerando imóveis, investimentos e direitos de autor. O velório de Francisco Cuoco decorre esta sexta-feira, 20, no bairro de Bela Vista, em São Paulo. O funeral será restrito a familiares e amigos.

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