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Júri começa a deliberar no julgamento de P. Diddy. O que se sabe até ao momento?

Os doze membros do júri vão ter têm de decidir se o rapper é, ou não, culpado dos cinco crimes de que é acusado.

Nas últimas sete semanas foram várias as testemunhas que passaram pelo Tribunal de Manhattan no caso onde o cantor e produtor Sean Combs é acusado de tráfico sexual e extorsão. Depois de ouvirem as suas ex-namoradas a testemunharem detalhes chocantes de violência sexual que dizem ter sofrido às mãos de P. Diddy, os membros do júri começam esta segunda-feira a deliberar se, tal como os procuradores defendem, o artista era responsável por uma empresa criminosa ou se, como os seus advogados insistem, vivia apenas um estilo de vida que incluía várias parceiras sexuais, a utilização de drogas e práticas de violência doméstica.

A decisão vai ditar o futuro de um dos maiores magnatas da música tendo em conta que a pena pode ir de 15 anos a prisão perpétua. 

Quais são as acusações de P. Diddy enfrenta? 

O vencedor de três Grammys enfrenta cinco acusações criminais: uma de conspiração para extorsão, duas de tráfico sexual, fraude ou coerção e duas de transporte para prostituição, no entanto declarou-se inocente de todas elas.

Os procuradores defendem que Combs coagia mulheres a participar nas suas festas sexuais onde eram cometidos atos abusivos envolvendo profissionais do mundo da prostituição que eram por si contratados. Garantia que essas mesmas mulheres consumiam drogas como cocaína e manipulava-as ameaçando as suas carreiras ou através de chantagem com recurso a violência, que podia incluir sequestro, incêndio criminoso e espancamentos. Nas alegações finais a procuradora-assistente Christy Slavik reforçou que o cantor "é o líder de uma organização criminosa": "Ele não aceita um não como resposta".  

Qual foi a defesa de Sean Combs? 

Já o advogado de defesa, Marc Agnifilo, retratou Diddy como uma vítima de procuradores excessivamente zelosos que "exageraram muito" o seu estilo de vida e consumo de drogas, que considera "recriativo" para levarem a cabo um "julgamento falso". "Ele não é nada disso. Ele é inocente. Ele está ali, inocente. Devolvam-no à família que o espera", pediu nas alegações finais. 

Agnifilo questionou ainda porquê que, se existe uma conspiração de extorsão que envolve assistentes pessoais, guarda-costas e outros funcionários de Combs como os procuradores afirmam, mais ninguém foi acusado. 

A defesa considerou que as acusações de organização criminosa não passam de "fruto da imaginação da procuradoria", especialmente tendo em conta que nenhuma testemunha admitiu fazer parte de uma organização criminosa ou de um esquema de extorsão. Vale a pena relembrar que Sean Combs não prestou nenhum depoimento durante o julgamento, que durou sete semanas, e que os seus advogados não pediram para ouvir nenhuma testemunha.  

Quais são as principais provas? 

No início do julgamento os procuradores mostraram aos jurados um vídeo de uma câmara de segurança de 2016 onde Diddy estava a espancar uma ex-namorada, Cassie, num hotel em Los Angeles. Cassie acabou por ser mesmo uma das duas ex-namorada ouvida em tribunal e tanto a cantora como uma outra mulher que falou sob anonimato, relataram que foram coagidas a participar em festas sexuais, movidas a drogas e com a presença de profissionais do mundo da prostituição, enquanto o cantor os observava, dava indicações, se masturbava e por vezes até os filmava.  

Casandra Ventura, conhecida pelo nome artístico de Cassie, testemunhou ao longo de quatro dias e relatou que participou em centenas de festas entre 2007 e 2018, referindo que muitas vezes sentia que não tinha escolha. Em novembro de 2023 a cantora já tinha acusado Diddy de abuso, no entanto no dia seguinte o ex-casal fez um acordo por 20 milhões de dólares. Apesar desse caso ter sido encerrado, o acordo não foi capaz de parar a investigação policial nem impedir que dezenas de outros processos dessem entrada.

Já a mulher que testemunhou durante seis dias, partilhou que teve um envolvimento romântico com Sean Combs desde 2021 até ao momento da sua detenção durante o qual se sentiu forçada a fazer sexo com estranhos enquanto Diddy assistia. 

No total, foram ouvidas 34 pessoas, todas chamadas pelo Ministério Público.  

Durante os depoimentos também foram mostradas centenas de mensagens enviadas por e para Combs.  

Como funcionam as deliberações do júri? 

O juiz Arun Subramanian dará instruções aos jurados esta segunda-feira e depois os oito homens e quatro mulheres devem decidir por unanimidade se o réu é culpado ou inocente de cada uma das acusações. 

Isto significa que os doze membros continuarão a deliberar até essa unanimidade. Porém, se este impasse se prolongar por muito tempo é possível que o juiz se veja obrigado a declarar um novo julgamento.  

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