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Homem de 88 anos foi acusado de matar o patrão e a família deste, em 1966. 58 anos depois foi considerado inocente.
Iwao Hakamada passou 45 anos no corredor da morte e, agora, 58 anos depois da sua condenação acabou absolvido. O japonês de 88 anos é tido como o homem que mais tempo passou no corredor da morte em todo o mundo. Agora foi ilibado do homicídio de quatro pessoas, em 1966, na região de Shizuoka, no centro do Japão.
Kyodo/via REUTERS
"Quando ouvi inocente, fiquei tão emocionada e feliz. Não conseguia parar de chorar", disse Hideko Hakamada, irmã do condenado, numa declaração emitida na televisão.
O seu irmão passou quatro décadas no corredor da morte, antes de o tribunal decretar a sua libertação e a repetição do julgamento, em 2014. Em causa estavam dúvidas sobre as provas que levaram à sua condenação.
O antigo pugilista, que tem vivido com a irmã de 91 anos desde que foi libertado, tinha sido acusado de esfaquear até à morte o seu patrão, a mulher deste e os dois filhos adolescentes do casal, antes de pegar fogo à casa deles. Hakamada trabalhava numa fábrica de processamento de miso e as autoridades acabaram por acusá-lo da morte dos quatro elementos da família do patrão, bem como do roubo de 200 mil ienes em dinheiro.
Iwao Hakamada começou por negar ser o autor dos crimes, depois confessou mas segundo indicou só depois de ter sido espancado e submetido a interrogatórios de 12 horas seguidas por dia. Em julgamento, declarou-se inocente e garantiu que a confissão tinha sido forçada. Porém, acabou condenado à morte em 1968, uma pena confirmada pelo Supremo Tribunal japonês, em 1980. Um dos juízes que condenou Hakamada à morte, ainda pediu ao Supremo que repetisse o julgamento, em 2008, mas a sua petição foi negada.
O advogado do homem condenado também apresentou testes de ADN feitos a manchas de sangue em roupa que identificaram o seu cliente, que provavam que o sangue não era dele. Essas roupas tinham sido retiradas de um tanque de miso, um ano depois das mortes.
Agora ficou provado, neste novo julgamento, que as provas contra Hakamada foram forjadas pelos investigadores do caso.
Hakamada, no entanto, não esteve presente no julgamento que o ilibou, tendo sido dispensado pelo tribunal devido ao seu estado de saúde mental fragilizado com os anos que passou no isolamento e corredor da morte. Antes já tinha dito, à AFP, que a batalha pela sua inocência era comparável a "lutar todos os dias".
A repetição do julgamento de Hakamada é um evento raro - é apenas o quinto condenado à morte que voltou a ser julgado no Japão pós-Segunda Guerra - e por isso atraiu as atenções de vários grupos de direitos humanos. A Amnistia Internacional foi um dos que se manifestou pedindo já o fim da pena de morte no país.
"Depois de quase meio século de prisão injusta e mais dez à espera para um novo julgamento, este veredito é um importante reconhecimento da profunda injustiça que ele teve de enfrentar ao longo da sua vida", defendeu a Amnistia. "Chegou ao fim a sua luta inspiradora para limpar o seu nome."
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