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Capturados todos os fugitivos de Vale de Judeus. Quem são eles?

Gabriela Ângelo 06 de fevereiro de 2025 às 15:48
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Os últimos dois fugitivos eram Rodolfo Lohrmann "El Ruso" e Mark Roscaleer. Estavam a cumprir penas de 20 e de nove anos. Foram encontrados em Alicante, em Espanha.

Em fuga desde 7 de setembro de 2024, os últimos dois evadidos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, Rodolfo André Lohrmann, de 59 anos, e Mark Cameron Roscaleer, de 35, foram hoje capturados pela Polícia Nacional Espanhola em Alicante. Segundo o comunicado da Polícia Judiciária (PJ), a detenção seguiu-se de "um persistente e ininterrupto trabalho de recolha e de troca de informação da PJ com as autoridades espanholas". 

Polícia Judiciária

Lohrmann, o mais perigoso, estava a cumprir uma pena de 20 anos de prisão pelo seu "envolvimento em criminalidade altamente organizada e especialmente violenta, de âmbito internacional, dos quais se sublinham os crimes de associação criminosa, branqueamento, roubo a banco, detenção de uma arma proibida, falsificação/contrafação de documentos e furto qualificado". Já o britânico, Roscaleer, estava a cumprir uma pena de nove anos "pela prática de criminalidade especialmente violenta, como o roubo com arma de fogo e sequestro".

Estas detenções seguem-se à de Fábio Loureiro, em novembro de 2024, que foi apanhado em Tânger, Marrocos; à de Fernando Ribeiro Ferreira, em setembro de 2024, em Trás-os-Montes; e à de Shergili Farjiani, em dezembro de 2024, apanhado em Itália.

O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, revelou que a recaptura do terceiro fugitivo do Vale de Judeus, o georgiano de 40 anos, em Pádua, no Norte da Itália, não foi surpresa. "Itália era uma das possibilidades. Sabíamos que poderia ser encontrado em Itália, Espanha ou França, no seio de grupos criminosos que se dedicam a esta atividade", uma vez que integrava um grupo criminoso que atuava no país e dedicava-se ao furto de residências, "foi uma detenção no meio criminal". 

O que se sabe sobre os evadidos? 

Antes de darem entrada no Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, quatro dos cinco fugitivos já tinham experiência em evasões. Só Fernando Ferreira conseguiu três fugas das cadeias de Caxias, Alcoentre e Lisboa e tentou outras de Custóias e Coimbra, em 2019. 

O natural de Tarouca de 61 anos, foi condenado a 25 anos pelos crimes de tráfico de estupefacientes, associação criminosa, furto, roubo e rapto. Foi recapturado a 22 de novembro em Castanheira da Chã, Trás-os-Montes, e entretanto foi enviado para a prisão de Monsanto, a mesma que deve receber Shergili Farjiani, assim que chegar a Portugal. 

Fábio Loureiro,  de 34 anos, cumpria uma pena de 25 anos pelos crimes de tráfico de menor quantidade, associação criminosa, extorsão, branqueamento de capitais, injúria, furto qualificado, resistência e coação sobre funcionário e condução sem habilitação legal. Atualmente, Fábio aguarda, numa prisão de Rabat (capital marroquina), a extradição para Portugal. 

O georgiano, Shergili Farjiani, de 40 anos, tinha sido condenado a sete anos pela prática de crimes de furto, violência depois da subtração e falsificação de documentos. De acordo com o Jornal de Notícias, Farjiani tinha ligações à máfia do Leste da Europa, e foi encontrado em Pádua, perto de Veneza, após se ter juntado a uma organização criminosa internacional de furtos. 

Os restantes dois reclusos eram considerados perigosos. Mark Roscaleer, do Reino Unido, foi condenado a nove anos de prisão por sequestro e roubo, e já passou por vários estabelecimentos prisionais em Portugal: Silves, Lisboa, Faro, Monsanto e Vale de Judeus. No Reino Unido, já tinha escapado da prisão uma vez e foi capturado pelas autoridades. Já Rodolfo Lohrmann, também conhecido como "El Ruso", original da Argentina, cumpria uma pena de 20 anos e foi visto pelas autoridades como o cérebro da operação e o mais perigoso dos fugitivos.

No currículo de crimes de Lohrmann está associação criminosa, roubo, detenção de uma arma proibida, falsas declarações, branqueamento de capitais, furto qualificado e falsificação de documentos. Em Portugal, cometeu assaltos a bancos e joelharias mas no país de origem raptou e suspeita-se de ter matado um jovem de 21 anos, filho de um empresário e ex-ministro da Saúde, após este ter pago o seu resgate de 250 mil euros.

Resultante da fuga, Rui Abrunhosa Gonçalves foi demitido da liderança da Direção-Geral da Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP). Desde então, a ministra da Justiça nomeou Orlando Carvalho para ocupar o cargo, até então diretor do estabelecimento prisional de Coimbra.

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