O professor universitário sustentou que "o Ministério Público pode atribuir competência para investigar um crime estritamente militar a outro órgão de polícia criminal", sublinhando que "os processos é que não podem ser conexos".
O juristaRui Pereirasustentou, esta quinta-feira, que "é abusivo" dizer-se que o parecer que deu a título informal e gratuito a um inspetor daPJMem 2017, sobre "conexão de processos", serviu para "delimitar competências" entre polícias.
"É abusiva qualquer interpretação que atribua ao parecer [posições] sobre as competências dos órgãos de polícia criminal. [... ] O parecer não permite essa inferência", defendeu.
Ouvido hoje na comissão de inquérito sobre o furto deTancos, o ex-ministro da Administração Interna confirmou que o capitão João Bengalinha lhe telefonou no início de agosto com uma pergunta concreta sobre "conexão de processos" militares e comuns, mas sem lhe referir o processo de Tancos.
"É claro e indiscutível. É tão claro no Código de Justiça Militar que não há duas interpretações. Não pode haver conexão por crimes estritamente militares e crimes comuns", disse Rui Pereira.
O professor universitário sustentou que "o Ministério Público pode atribuir competência para investigar um crime estritamente militar a outro órgão de polícia criminal", sublinhando que "os processos é que não podem ser conexos".
Rui Pereira frisou que o parecer não foi pedido sobre a investigação de Tancos ou sobre "delimitação de competências" entre polícias, reforçando que uma interpretação dessa natureza "é abusiva".
O deputado doPSDCarlos Abreu Amorim frisou que o parecer "alicerçou" uma investigação paralela da PJM para recuperar o material militar furtado em Tancos, com Rui Pereira a sustentar que "tudo o que vier para fora do que está escrito [no parecer] seja em que sentido for, é especulativo e abusivo".
Questionado pelo deputado do CDS-PP António Carlos Monteiro, o ex-ministro defendeu que a investigação de crimes "estritamente militares" pelo Procurador-Geral da República pode ser feita por outro órgão de polícia criminal que não a PJM.
A atuação da ex-Procuradora-Geral da República - que atribuiu a 3 de julho de 2017 a titularidade da investigação de Tancos à PJ, retirando-a à PJM - não foi ilegal, defendeu. Só o teria sido, acrescentou, se tivesse havido "conexão de processos".
O major Vasco Brazão, arguido no processo de Tancos, disse na comissão de inquérito que o coronel Luís Vieira tinha na sua posse um parecer jurídico do ex-ministro Rui Pereira que sustentava que devia ser a PJM a titular da investigação por estarem em causa crimes estritamente militares.
Com esse parecer na mão, disse, o então diretor da PJM ganhou "força" para transmitir ao ex-ministro Azeredo Lopes a sua insatisfação pela perda da titularidade do inquérito.
Na audição de hoje, Rui Pereira sustentou que "nenhuma investigação criminal pode ser feita à revelia do Ministério Público" e, "mesmo que o Ministério Público desse uma ordem ilegal", o órgão de polícia criminal não podia contrariar a ordem.
"Não pode haver direito de resistência contra uma ordem expressa do Ministério Público", acentuou.
Instado pelo CDS-PP a qualificar juridicamente a operação de recuperação do material desencadeada pela PJM, que envolveu "negociações entre agentes da PJM e um informador", Rui Pereira disse que só a Polícia Judiciária tem competência para "ações encobertas".
Agentes da PJM só poderiam envolver-se numa "operação encoberta" em "conjugação de esforços com a Polícia Judiciária".
O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército a 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração de elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.
Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
Tancos: Rui Pereira diz que parecer que deu à PJM não serviu para "delimitar competências"
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.