Em alguns portos nacionais, não estão a ser cumpridas as recomendações da OMS no que respeita à utilização de máscaras e luvas, diz SEAL.
O Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística (SEAL) revelou hoje que há "um caso confirmado de contágio de um estivador do porto de Leixões" pelo novocoronavírus(SARS-CoV-2) e apelou para um "rastreio generalizado" nos portos nacionais.
"O teste realizado a um estivador, de um grupo de cinco estivadores do porto de Leixões que apresentavam sintomas compatíveis com a Covid-19, deu positivo", disse fonte do SEAL à agência Lusa.
"O sindicato já tinha alertado para a possibilidade de contágio dos estivadores, porque, em alguns portos nacionais, não estão a ser cumpridas as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) no que respeita à utilização de máscaras e luvas. E não há nenhum porto do continente em que, como se recomenda, tenham sido constituídas equipas rotativas", acrescentou a mesma fonte sindical.
O primeiro caso de contágio de um estivador pelo novo coronavírus nos portos nacionais foi confirmado no dia em que o sindicato alertou o presidente do Governo Regional da Madeira para risco de contágio dos madeirenses, devido ao transporte de viaturas automóveis para o arquipélago a partir do Porto de Lisboa, facto que nas últimas semanas motivou o protesto do sindicato por considerar que não se tratava de um produto prioritário que justificasse o transporte em tempo de pandemia.
A melhoria das condições de segurança dos estivadores constitui também um dos principais objetivos de uma petição lançada no último sábado pelo estivador do porto de Lisboa Edmundo Veiga, preocupado com a falta de condições para o exercício da atividade na `fronteira marítima´ de Lisboa.
Na petição dirigida ao Presidente da República, primeiro-ministro e ministro das Infraestruturas e da Habitação, Edmundo Veiga não só denuncia o alegado desrespeito das regras de segurança recomendadas para prevenir a propagação da pandemia Covid-19, como também com o que diz ser uma "estratégia de `lockout´" das empresas de estiva do grupo português ETE, do grupo turco Yilport e dos espanhóis da Ership, que operam no Porto de Lisboa.
"É inaceitável que as estratégias dos patrões, que apenas visam o lucro imediato, tenham mais valor do que a vida das pessoas, do que os contratos coletivos de trabalho em vigor ou até do que o ataque coletivo a que a sociedade foi chamada para derrotar a pandemia covid-19", refere a petição a que a agência Lusa teve acesso.
O primeiro subscritor da petição, Edmundo Veiga, que reuniu mais de 2.700 assinaturas desde sábado, afirma que, "ao contrário do que parece estar a acontecer com o Governo, a opinião pública portuguesa começa a estar consciencializada daquilo que realmente se passa no Porto de Lisboa em termos de segurança, mas também no que respeita ao incumprimento da legislação laboral".
De acordo com o SEAL, no porto de Lisboa não só não estão a ser cumpridas as recomendações para evitar a propagação da pandemia Covid-19, como também há "dezenas de estivadores com processos disciplinares e uma tentativa de despedimento coletivo ilegal" de cerca de 150 trabalhadores -- (134 efetivos e 15 contratados a termo da A-ETPL, Associação-Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa)".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 567 mortos, mais 32 do que na segunda-feira (+6,%), e 17.448 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 514 (+3%).
Dos infetados, 1.227 estão internados, 218 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 347 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril.
Sindicato denuncia contágio com novo coronavírus de estivador de Leixões
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O descontentamento que se vive dentro da Polícia de Segurança Pública resulta de décadas de acumulação de fragilidades estruturais: salários de entrada pouco acima do mínimo nacional, suplementos que não refletem o risco real da função, instalações degradadas e falta de meios operacionais.