A manhã desta quinta-feira arrancou, na Assembleia da República, com os diversos discursos sobre o 25 de Abril, dos representantes dos grupos parlamentares. Na sessão solene, o líder do Livre relembrou algumas histórias de família referentes ao período de ditadura.
"Falemos (…) de sonhos e pesadelos. Durante todos aqueles anos a minha mãe tinha pesadelos com o ditador". Foi assim, através do improviso, que o líder do Livre começou o discurso sobre o 25 de Abril, na Assembleia da República.
JOSE SENA GOULAO/LUSA
"O que o patrão lhe dizia – um brigadeiro do antigo regime – quando ela tinha coragem de revelar os pesadelos do ditador, era: 'cuidado Lucília, se você tivesse mais educação já estava presa’. Querendo com isso dizer que se ela fosse um pouco mais de risco, não deixariam de a encarcerar. Aliás aconteceu ao seu irmão, que de facto tinha um pouco mais de estudos, e que se tornou cliente habitual da sede da PIDE, na Antónia Maria Cardoso, por coisas tão simples como comemorar a República."
Foi então ao escolher a dedo, algumas das histórias de família, que Rui Tavares aproveitou para explicar como o medo sustentava um regime de ditadura. "É curioso se pensarmos bem nisto, porque o que aquele defensor, e beneficiário da ditadura dizia, era que ela tivesse cuidado em não ser presa. Nunca lhe disse: ‘Pesadelos? Pesadelos por quê?’ É que até o próprio regime e os seus defensores sabiam perfeitamente, e contavam com isso: que o medo era o que os sustentava. E aquilo com que eles contavam, era que os portugueses tivessem sempre muito medo e muito pouca imaginação."
Ainda assim, e de cravo ao peito, Rui Tavares relembrou os sonhos de Abril. "Imaginemos agora alguém que naquele ano de 1974, antes do 25 de Abril, tivesse um sonho e acordasse no dia seguinte, e contasse à boca pequena à sua família: 'olha com o que é que sonhei hoje. Que coisa extraordinária. Sonhei que jovens militares vinham de Santarém para derrubar o regime, (…) sonhei que o ditador ia nesse mesmo dia embora".
Depois das várias referências à mãe estendeu o seu discurso até ao direito de voto, conseguido pelas mulheres. E aplaudido, lembrou como todos os dias que nasceram do 25 de abril "são importantes".
"Haverá democracia plena, quando metade da população não pode votar? Não devemos nós então celebrar o 25 de Abril de 1975, quando finalmente as mulheres votaram sem condições neste País?"
Na manhã desta quinta-feira foram também os vários líderes partidários que dedicaram as suas palavras à Liberdade, na Assembleia da República. Para a tarde, está prevista a habitual descida da Avenida da Liberdade - onde irão estar presentes alguns dos políticos.
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