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PS vai apoiar Seguro? "Se não o apoiar fica numa situação de fragilidade imensa"

José Filipe Pinto considera que António José Seguro não era a primeira aposta dos socialistas, mas que neste momento acaba por ser uma aposta "segura".

Foi esta semana noticiado que o secretário-geral e o presidente do PS vão propor à Comissão Nacional socialista, no domingo, que o partido apoie António José Seguro nas eleições presidenciais de janeiro.  

Um homem de fato e óculos, pensativo
Um homem de fato e óculos, pensativo JOSE COELHO/LUSA_EPA

Além de José Luís Carneiro e Carlos César também a líder da Juventude Socialista apoia Seguro. Sofia Pereira afirmou, na terça-feira, que o ex-secretário-geral socialista é uma escolha “de caráter” de quem “representa uma forma de estar que faz falta” e será um “garante de estabilidade”. Numa nota enviada à Lusa caracterizou o candidato presidencial como alguém que “escuta antes de decidir. Constrói pontes em vez de muros. Valoriza a diferença em vez de temer. Num tempo em que a agressividade parece substituir a coragem, neste contexto político e no contexto das eleições presidenciais, António José Seguro é a escolha óbvia para todos os progressistas”.  

Desde que assumiu a liderança do PS que José Luís Carneiro sempre remeteu para depois das autárquicas uma decisão sobre as presidenciais, e nos últimos meses muitos têm sido os nomes de socialistas referidos como potenciais candidatos à presidência, incluindo António Vitorino e Augusto Santos Silva. A realidade é que o ex-líder socalista Seguro “chegou-se à frente” primeiro e, ainda sem apoio dos socialistas, anunciou a 3 de julho a sua candidatura defendendo que o País precisa “de mudança e esperança numa vida melhor”: “Decidi e anuncio hoje, no dia em que começa uma nova legislatura que vai exigir muito de todos nós: sou candidato a Presidente da República”. “O que nos falta hoje não é apenas estabilidade, é confiança. Confiança nas instituições, confiança de quem está no poder serve e não se serve, confiança de que deixaremos aos nossos filhos mais do que aquilo que recebemos dos nossos pais”, afirmou.

José Filipe Pinto considera que “o PS demorou demasiado tempo na escolha de um candidato". "Uma coisas é apresentar um candidato próprio, outra é dar o seu apoio a um candidato já existente.” Ainda assim, o politólogo partilha com a SÁBADO que neste momento “o PS vai apoiar Seguro não por convicção, mas por perceber que se não o apoiar fica numa situação de fragilidade imensa”, além de estar claro que o ex-secretário-geral “garante ao partido um rendimento básico, ou seja, não terá um resultado que envergonhe o partido”.

Além disso o Partido Socialista “não tem conseguido vencer as presidenciais e tem dificuldades em ter um nome que seja consensual no partido”. O último Presidente da República socialista foi Jorge Sampaio, que governou entre 1996 e 2006, e mesmo aí José Filipe Pinto refere que “Jorge Sampaio também se adiantou”, tal como António José Seguro. Já nas últimas eleições os socialistas apoiaram a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa em detrimento de Ana Gomes, “outro nome não consensual dentro do partido”.  

Para o professor universitário é claro que “o PS estava à espera de António Vitorino” e que “Augusto Santos Silva tinha uma grande vontade, mas Seguro resolveu avançar e criou um embaraço político” para um PS fragilizado depois das eleições legislativas. Ainda assim José Filipe Pinto afirma que é de louvar que “Seguro aceitou por sua conta e risco aquilo que mais nenhuma figura do partido aceitou: desafiar Gouveia e Melo, a quem na altura todas as sondagens davam vitória à primeira ou à segunda volta”.  

O especialista considera que este apoio “é tão importante para o Partido Socialista, que quer continuar a trajetória positiva das eleições autárquicas, como para António José Seguro, que quer reaproximar-se do partido”. José Filipe Pinto considera que com esta aproximação, Seguro vai “enterrar o machado interno, precisamente pela forma como foi retirado do poder por António Costa depois de vencer duas vezes”. “Na altura Seguro fez o luto sozinho e remeteu-se ao silêncio, mas com esta corrida eleitoral reassume protagonismo” dento do partido, acrescenta.  

Neste momento, “a esperança do PS é que Seguro consiga chegar à segunda volta, onde pode colher na esquerda, no centro esquerda e até algum centro direita, desde que não seja contra Marques Mendes”.

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