Sábado – Pense por si

PS assegura ter perdido "uma sua grande referência"

07 de julho de 2015 às 10:33
As mais lidas

António Costa enaltece, numa nota de condolências, a voz activa da ex-primeira-dama na defesa dos valores da democracia e da "solidariedade"

O secretário-geral do PS e a direcção socialista manifestaram hoje "profunda emoção e consternação" pelo falecimento de Maria de Jesus Barroso, mulher do ex-Presidente da República Mário Soares, considerando representar uma perda irreparável para o país.

 

Maria de Jesus Barroso morreu hoje, aos 90 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internada em estado grave desde 26 de junho.

 

"O PS e o seu secretário-geral, António Costa, manifestam a sua mais profunda emoção e consternação pelo falecimento da nossa camarada, fundadora e militante n.º 6, Maria de Jesus Simões Barroso Soares. A sua morte constitui uma perda irreparável para o PS e para o país, que nela sempre viu - e admirou - uma mulher de combate, com uma actividade incansável em prol dos seus ideais e das suas convicções", refere a nota de condolências subscrita pelo líder dos socialistas.

 

Em comunicado, o secretário-geral do PS destaca que Maria Barroso começou a demonstrar cedo uma atitude "indomável perante a vida ao abandonar uma carreira onde já era reconhecida como uma das melhores actrizes portuguesas para partilhar o combate pela democracia com o seu marido, Mário Soares, estando presente no ato fundador do PS, em 19 de Abril de 1973, em Bad Munstereifel, na Alemanha".

 

"Mas Maria Barroso sempre teve uma voz e um papel próprios nesse combate", tendo sido candidata pela oposição democrática em 1969, salienta-se também no comunicado assinado pelo secretário-geral do PS.

 

Em relação ao período após o 25 de Abril de 1974, António Costa refere que Maria Barroso "constituiu sempre uma voz activa em defesa dos valores da democracia e da solidariedade, incansável na defesa dos mais desfavorecidos e no combate à exclusão social".

 

"Em 1976 foi eleita pela primeira vez deputada pelo PS, tendo sido reeleita em mais três legislaturas. Maria Barroso foi uma exemplar primeira-dama de Portugal, com uma acção permanente e influente nos mais diversos domínios sociais. Depois disso foi presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, com a dedicação e o empenho de sempre. Viria a fundar a Fundação Pro Dignitate, em prol dos Direitos Humanos, com actividade em Portugal e nos países de Língua Oficial Portuguesa nessa área e na da prevenção da violência", refere o líder socialista.

 

António Costa destaca ainda Maria Barroso como pedagoga, "com uma acção notável à frente do Colégio Moderno" em Lisboa.

 

"Maria Barroso teve uma vida cheia, sendo sempre capaz de aliar essa sua intervenção na sociedade à sua sempre presente condição de mulher, mãe e avó. O PS acaba de perder hoje uma sua grande referência, uma militante notável e sempre empenhada. Portugal perde uma cidadã excepcional", salienta o secretário-geral do PS.

 

A nota de condolências de António Costa termina com a citação de um poema de Sophia de Mello Breyner, que foi amiga de Maria de Jesus Barroso:

 

"Apesar das ruínas e da morte,

 

Onde sempre acabou cada ilusão,

 

A força dos meus sonhos é tão forte,

 

Que de tudo renasce a exaltação,

 

E nunca as minhas mãos ficam vazias".

 

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Urbanista

A repressão nunca é sustentável

Talvez não a 3.ª Guerra Mundial como a história nos conta, mas uma guerra diferente. Medo e destruição ainda existem, mas a mobilização total deu lugar a batalhas invisíveis: ciberataques, desinformação e controlo das redes.