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Presidente da DG/AAC diz que mestrados são “mina de ouro” para universidades

Associação Académica de Coimbra marcou o Dia do Estudante com protesto e pediu um teto máximo para os alunos estrangeiros frequentarem mestrados.

O presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) censurou, esta quarta-feira, a existência em Portugal de instituições do ensino superior a encarar os cursos de mestrado como "autêntica mina de ouro" para se financiarem.

Para João Assunção, "numa altura em que o mestrado deixou de constituir um luxo para ser uma verdadeira exigência quanto a ingresso no mercado laboral, muitas das instituições de ensino encaram este segundo ciclo como uma autêntica mina de ouro ao praticarem preços verdadeiramente abusivos para a realidade nacional".

O dirigente associativo usava da palavra durante uma iniciativa destinada a assinalar o 34º. aniversário do Dia Nacional do Estudante, organizada sob o lema "Façam-nos acreditar".

A "precariedade da atual geração estudantil e as medidas necessárias para minimizar as inevitáveis consequências que se abaterão sobre o ensino superior, durante os próximos anos", consistem no mote do evento.

"Urge, mais do que nunca, a necessidade de impor uma limitação legal que traga um teto máximo às propinas de mestrado, impedindo a mercantilização do ensino e a sua sujeição à lei da oferta e da procura, afastando os [alunos] mais desfavorecidos de um direito consagrado na Constituição da República Portuguesa", alegou João Assunção.

O presidente da DG/AAC alertou, ainda, para o preço da propina destinado aos estudantes estrangeiros dizendo que ela é "mais do que sete vezes superior à dos alunos portugueses".

"Em plena crise económica e social global, fechar os olhos à necessidade de amparar os milhares de colegas que escolheram o nosso país, a fim de se formarem e contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico das nossas instituições, é ignorar a obrigação de fraternidade internacional que nos liga, em particular, aos países e povos da lusofonia", afirmou o dirigente associativo.

Neste contexto, o orador preconizou a fixação de um "teto máximo, legal, às propinas exigidas aos alunos provenientes do estrangeiro, aproximando-as à realidade do estudante nacional".

Para o presidente da DG/AAC, "este 24 de março [de 2021] deverá ser, também, momento para se assinalar o ano verdadeiramente caótico acabado de viver, vaticinador de um futuro muito pouco auspicioso para o ensino superior e para a juventude portuguesa".

"Por isso, neste Dia do Estudante", prosseguiu o dirigente associativo, "acreditamos que deve ser a prioridade da geração académica incitar toda a sociedade portuguesa para a importância de se concretizarem as respostas políticas necessárias para garantir, no próximo ano letivo, o direito constitucionalmente consagrado de acesso universal ao ensino superior".

O aumento do número de bolsas, a erradicação da propina e a concretização do plano nacional para o alojamento no ensino superior são outros aspetos invocados pelo presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra.

Segundo o dirigente associativo, os nefastos efeitos económicos da pandemia da covid-19 têm vindo a adensar as barreiras ao acesso e permanência no ensino superior.

Ao acenar com a "eloquência coimbrã de Luiz Goes", João Assunção defendeu que "é preciso acreditar".

"É preciso acreditar na sensibilidade de todos os agentes políticos para não abrandarem na edificação de um ensino superior universal, gratuito e de qualidade; é preciso acreditar que o próximo ano letivo não será sinónimo de precariedade e de uma geração prostrada no seu próprio desespero futuro; é preciso acreditar que será garantida uma vida digna, numa sociedade justa e igualitária aos milhares de jovens já cansados de verem a sua felicidade hipotecada por crises constantemente cíclicas", concluiu o presidente da DG/AAC.

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