Durante momentos de “grande exposição mediática”, figuras políticas tendem a recorrer às mesmas expressões, muitas delas antigas e complexas.
Se acha que anda só a ouvir "bala de prata", não está a ficar maluco, é uma das expressões mais utilizadas durante esta época de campanha eleitoral, nomeadamente nos debates entre partidos. Mas então, porque é que as principais figuras políticas, durante a altura da campanha eleitoral, tendem a utilizar as mesmas expressões sofisticadas e fora de moda?
debate legislativasRTP
À SÁBADO, Marco Neves, professor da Universidade NOVA de Lisboa, explica a etimologia de algumas destas expressões, entre as quais estão "atravessar o Rubicão" e "bala de prata", a mais recente a ser adotada pela esfera política portuguesa.
Segundo o especialista, a expressão "bala de prata" surge do "folclore europeu". "Era tida como a única forma de matar um lobisomem" e passou a representar "uma solução mágica ou definitiva para um problema particularmente difícil".
No caso do debate entre o PS e o BE, a líder do Bloco, Mariana Mortágua utilizou a expressão depois do líder socialista, Pedro Nuno Santos ter feito um apelo ao voto útil. "O que Pedro Nuno Santos está a dizer quando diz que quer ser o mais votado e que espera uma viabilização do PSD é que tem uma bala de prata, e a bala de prata de Pedro Nuno Santos é Luís Montenegro".
Já a expressão, "atravessar o rubicão" tem uma origem um pouco diferente. Refere-se "a um episódio do ano 49 a.C. em que Júlio César, ao atravessar o Rubicão", rio em Itália, "desrespeitou uma ordem do Senado e entrou num território onde não deveria estar", sendo que fruto dessa situação, "ou seria preso, ou tomaria o poder", o que acabou por acontecer. Ela passou então a significar "uma decisão irreversível, um ponto sem retorno", sendo uma alternativa para a expressão popular "ou vai ou racha".
Marco Neves explica ainda possíveis razões para a utilização de expressões mais antigas durante momentos de "grande exposição mediática". "Pode ter sido simplesmente o gosto pessoal de alguém envolvido nas campanhas", sugere o especialista, contudo, as campanhas políticas, ao serem momentos de exposição para "vários atores políticos, muitos deles advogados ou com formação clássica, pode levá-los a recorrer a expressões mais eruditas ou antigas".
Por outro lado, "há uma tentativa de usar uma linguagem mais solene ou formal em contexto de discursos ou comentários de campanha", levando a que os líderes políticos evitem expressões populares como é o exemplo de "ou vai ou racha" que pode substituir "atravessar o Rubicão". Também, a utilização deste tipo de expressões serve para "exibir conhecimento ou sofisticação" que Marco Neves nota serem "expressões úteis".
Finalmente, o professor revela outro fator por detrás da utilização destas expressões, a imitação. "A partir do momento em que uma expressão entra na campanha, muitos tendem usá-la porque todos os envolvidos veem os mesmos programas".
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O espaço lusófono não se pode resignar a ver uma das suas democracias ser corroída perante a total desatenção da opinião pública e inação da classe política.
É muito evidente que hoje, em 2025, há mais terraplanistas, sim, pessoas que acreditam que a Terra é plana e não redonda, do que em 1925, por exemplo, ou bem lá para trás. O que os terraplanistas estão a fazer é basicamente dizer: eu não concordo com o facto de a terra ser redonda.
O regresso de Ventura ao modo agressivo não é um episódio. É pensado e planeado e é o trilho de sobrevivência e eventual crescimento numa travessia que pode ser mais longa do que o antecipado. E que o desejado. Por isso, vai invocar muitos salazares até lá.