O PS, ao decidir viabilizar o Programa do Governo sob o argumento da "chamada estabilidade", torna-se "cúmplice" de uma "política errada", diz Paulo Raimundo.
O secretário-geral do PCP acusou hoje o PS de "dar a mão, o braço, a perna, o corpo e a cabeça toda" à política de direita e ao Governo da República, e sublinhou igualmente a necessidade de enfrentar o Chega.
José Sena Goulão/Lusa
Discursando num almoço-comício, no Funchal, Paulo Raimundo salientou que a conjugação de resultados, nas eleições legislativas regionais da Madeira de março e nas legislativas nacionais de maio, nas quais a direita ganhou, "é muito desanimadora" e que há "mais dois problemas de fundo" a enfrentar.
Em causa está, por um lado, "a desistência do Partido Socialista, que está a dar a mão, o braço, a perna, o corpo e a cabeça toda à política direita e ao Governo da República", criticou. E, por outro lado, acrescentou, é preciso enfrentar a "opção de demagogia da mentira, da ilusão, daqueles que enchem a boca pelo povo, mas que quando têm a oportunidade são os maiores protagonistas da política antipopular, [...] nomeadamente o Chega".
Após a sua intervenção, em declarações aos jornalistas, o secretário-geral do PCP reiterou que sabe qual é o programa da AD (Aliança Democrática, que reúne PSD e CDS-PP) e que não o pode deixar "passar em claro", como é intenção do PS, justificando, assim, a já anunciada apresentação de uma moção de rejeição.
Na sua leitura, o PS, ao decidir viabilizar o Programa do Governo sob o argumento da "chamada estabilidade", torna-se "cúmplice" de uma "política errada" e "colocou-se junto das forças do retrocesso".
"Vai ficar para trás, porque a alternativa vai impor-se, vai abrir caminho e o PS tem de decidir: ou se junta ao retrocesso ou vem para a alternativa. Até agora, decidiu que vai para o retrocesso", reforçou.
Ainda durante o seu discurso no almoço, perante cerca de duas centenas de participantes, o dirigente reconheceu que o partido estaria "melhor do ponto de vista institucional" se tivesse elegido na Madeira nas regionais de 23 de março, e que os resultados das legislativas de 18 de maio também não foram satisfatórios, vincando, porém, que isso "não tira a confiança" nem "retira em nada a razão" da luta dos comunistas.
Paulo Raimundo reforçou que o PCP e a CDU (coligação que junta comunistas e Os Verdes) têm "toda a razão do seu lado" - são quem "enfrenta a ditadura da minoria", combate as injustiças e "quer que a vida da maioria melhore".
"E é aqui que estamos e é aqui que vamos continuar a travar a batalha, junto dos trabalhadores, junto das populações, a aprender com a característica e a ação própria da juventude", assumiu.
O líder comunista realçou que a CDU está pronta, na Madeira, para continuar "a tomar a iniciativa junto das populações" e a denunciar o Orçamento Regional, que disse ser "uma vergonha".
Paulo Raimundo garantiu igualmente que a coligação fará tudo "para transformar as eleições autárquicas numa grande ação de contacto popular", admitindo que está em causa um sufrágio exigente "e um grande desafio".
E deixou o apelo: "Quem quiser trabalhar de forma honesta e competente é bem-vindo à Coligação Democrática Unitária, independentemente do voto que tiveram há 15 dias, ou há um mês, ou há três anos."
PCP acusa PS de desistir e dar "o corpo e a cabeça toda" ao Governo
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Talvez não a 3.ª Guerra Mundial como a história nos conta, mas uma guerra diferente. Medo e destruição ainda existem, mas a mobilização total deu lugar a batalhas invisíveis: ciberataques, desinformação e controlo das redes.
Ricardo olhou para o desenho da filha. "Lara, não te sentes confusa por teres famílias diferentes?" "Não, pai. É como ter duas equipas de futebol favoritas. Posso gostar das duas."