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Passos Coelho recua e já não vai apresentar "livro maldito"

21 de setembro de 2016 às 00:00
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Embaraçado, o líder do PSD pediu ao ex-director do Expresso para o "desobrigar" da apresentação da obra que divulga a vida íntima de políticos e outras figuras públicas. Cerimónia foi cancelada

Afinal Pedro Passos Coelho já não vai apresentar Eu e os Políticos, o polémico livro em que José António Saraiva, ex-director do Expresso e do Sol, protagoniza aquela que já é considerada a maior devassa da privacidade de políticos das últimas décadas, indo ao ponto de utilizar conversas que teve com pessoas entretanto mortas para revelar detalhes da vida sexual de figuras públicas ainda vivas.

A SÁBADO apurou que Pedro Passos Coelho contactou José António Saraiva no final da tarde de terça-feira, 20, no sentido de lhe pedir que este o "desobrigasse" de apresentar publicamente a obra. Isto depois de lhe ter garantido por duas vezes que a apresentaria sem reservas.

A última aconteceu há poucos dias: ciente da dimensão que o escândalo estava a tomar e da fragilização crescente do líder do PSD, José António Saraiva enviou uma sms a Pedro Passos Coelho em que lamentava a "trapalhada" em que o teria metido. Pouco depois o seu telefone tocou. Do outro lado estava Passos. Queria agradecer-lhe o desabafo. E tranquilizá-lo: no dia 26, claro que lá estaria a apresentar a obra. "Disse-me que as pessoas o atacam de qualquer maneira, que se não fosse por isto seria por outra coisa qualquer", revelou o autor à SÁBADO.

A decisão de Passos Coelho, que a SÁBADO tentou contactar sem sucesso, surge no dia em que o ex-conselheiro nacional do PSD, Paulo Vieira da Silva, militante há 25 anos, anunciou a sua demissão do partido. Numa carta divulgada no jornal Público, Vieira da Silva classificou o livro de "deplorável e nojento". E considerou grave ver o presidente do PSD "patrocinar esta pouca vergonha, um livro que ultrapassa todos os limites da razoabilidade".

Cerimónia de apresentação do livro cancelada 

A Gradiva afirma que "o livro tem sido objecto de uma polémica, por vezes excessivamente inflamada, nos media e nas redes sociais" e nesse sentido, José António Saraiva e "a editora consideram que o momento exige reflexão e que tudo farão para evitar o que possa contribuir para alimentar novas polémicas".

"Por decisão conjunta do autor e da editora, a cerimónia [de apresentação da obra] foi cancelada", lê-se no mesmo comunicado.

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