Após uma acareação entre o ex-procurador do Ministério Público e a testemunha, por contradições entre depoimentos, que não serviu para esclarecer as incongruências dado que ambos mantiveram as declarações, a defesa de Orlando Figueira considerou que Proença de Carvalho mentiu e pediu para que fosse aberto um procedimento criminal.
A advogada Carla Marinho também pediu que fossem entregues ao tribunal as facturas de pagamento dos honorários do primeiro advogado de Orlando Figueira, Paulo Sá e Cunha, a quem o arguido diz ter pago 10 mil euros, adiantando que o restante seria pago pelo banqueiro Carlos Silva, por intermédio de Proença de Carvalho, versão que a testemunha negou.
Orlando Figueira disse, durante a acareação, que Paulo Sá e Cunha deveria ser chamado a testemunhar para confirmar uma reunião tida em 14 Setembro de 2017 na presença de Proença de Carvalho, versão desmentida por este.
Esta quinta-feira, o advogado Proença de Carvalho negou que Orlando Figueira lhe tenha falado do banqueiro Carlos Silva como responsável pelo contrato de trabalho com a empresa Primagest, quando interveio na sua cessação. "Orlando Figueira nunca mencionou Carlos Silva relacionado com o contrato de trabalho com a Primagest", afirmou Daniel Proença de Carvalho, deitando por terra as acusações de envolvimento do advogado feitas pelo arguido.
O processo Operação Fizz, que tem ainda como arguidos o engenheiro Armindo Pires e o advogado Paulo Blanco, assenta na acusação de que Manuel Vicente corrompeu Orlando Figueira, com o pagamento de 760 mil euros, para que este arquivasse dois inquéritos, um deles o caso Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril.
Manuel Vicente foi acusado de corrupção activa, mas o seu processo foi separado da Operação Fizz no início do julgamento, na passada segunda-feira, numa altura de grande tensão nas relações diplomáticas entre Angola e Portugal e vários apelos públicos ao desanuviamento das mesmas.