Ex-vice-presidente do Chega diz ter sido alvo de um “processo de humilhação” depois de ter sido excluído do governo-sombra.
Gabriel Mithá Ribeiro anunciou a sua saída do Chega e acusa o líder do partido, André Ventura, de ter comportamentos “narcísicos” e "vingativos". Num artigo de opinião publicado no jornal Observador, Mithá Ribeiro diz ainda que o partido é “cada vez mais disfuncional no sentido patológico do termo”.
Carlos Moedas discursa num evento em LisboaJoão Cortesão/Cofina
Mithá Ribeiro diz ter sido alvo de um “processo de humilhação” ao ter sido excluído do recente governo-sombra apresentado por André Ventura, indicando esse como o momento em que decidiu abandonar o partido. “Num governo-sombra que integra ministros independentes e ministros do partido, excluir-me foi a última tentativa do meu assassinato cívico que poderia tolerar”, escreve no artigo intitulado "André Ventura: os 7 pecados mortais do predador narcísico".
“Estou a lidar com um predador narcísico movido por um demónio vingativo”, afirmou o ex-deputado, descrevendo o comportamento do líder do Chega como “autoritário” e “obsessivo com o controlo do partido”. Mithá Ribeiro acusa Ventura de ter destruído o cariz "reformista" do partido inicial, processo que terá começado em 2022, quando terá imposto as suas visões ao gabinete de estudos do Chega. "Os anos seguintes confirmaram a pulsão autocrática destrutiva de reformas de André Ventura, traço de personalidade impossível de o tornar um governante responsável”, sublinha.
Sobre essa saída do gabinete de estudos, escreve: "Em agosto de 2022, minutos depois dessa primeira publicação até hoje discreta, recebi um telefonema intempestivo, agressivo e insultuoso de André Ventura a exigir que retirasse de imediato o texto da minha página de deputado. Respondi que não o faria sugerindo uma conversa menos acesa no dia seguinte, até porque ficaria melindrada a abertura do partido aos meios académicos e intelectuais. André Ventura desligou abruptamente a chamada. Antes de qualquer nova conversa, no dia seguinte fiquei a saber, pelas notícias, que tinha sido afastado da coordenação do Gabinete de Estudos”.
“André Ventura é demasiado inteligente para, ao fim de quatro anos, não compreender ser o primeiro e principal traidor da essência política formalmente instituída pelo seu próprio partido, mas a sua impossibilidade de olhar o meio envolvente sem o filtro narcísico move-o numa cruzada insana contra o sujeito coletivo", afirma ainda no artigo o investigador.
Mithá Ribeiro diz que André Ventura "mudou para sempre Portugal ao escancarar as portas da liberdade à direita", mas insiste: "a sua personalidade tóxica envenena o que ele mesmo semeou numa direita que não mais se pode permitir a si mesma ser infantil, primária, imoral, irracional, irresponsável, submissa a um dono".
Historiador e professor universitário, Mithá Ribeiro foi um dos fundadores do Chega e uma das figuras mais próximas de Ventura nos primeiros anos do partido.
No dia 22 de setembro o grupo parlamentar do Chega anunciou que Mithá Ribeiro tinha pedido a renúncia ao mandato de deputado e que seria substituído por Rui Fernandes, sem revelar os motivos desta decisão.
Na semana seguinte, Mithá Ribeiro anunciou a desistência da sua candidatura à presidência da Câmara Municipal de Pombal.
Mithá Ribeiro foi eleito deputado na XV, XVI e XVII legislaturas, sempre pelo círculo de Leiria, tendo sido reconduzido como secretário da mesa da Assembleia da República em junho passado, depois das eleições legislativas antecipadas.
Mithá Ribeiro acusa André Ventura de ser um “predador narcísico” e abandona o Chega
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