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Metade das escolas supera expectativas levando mais alunos carenciados ao sucesso

Lusa 16 de junho de 2023 às 07:20
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A média nacional de conclusões no tempo esperado foi 77% e se limitarmos aos estudantes carenciados, esse número baixa para apenas 72%.

Os alunos carenciados continuam a ter mais dificuldades em concluir um ciclo de ensino sem reprovar, mas o impacto da pobreza no sucesso escolar é cada vez menor e há escolas que conseguem contrariar as baixas expectativas.  

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Do 1.º ao secundário, o cenário repete-se e, em todos os ciclos de ensino, os estudantes beneficiários de ação social escolar (ASE) ficam atrás da média nacional em termos de sucesso escolar, mas a diferença é cada vez mais pequena.

As conclusões resultam de uma análise feita pela Lusa aos dados divulgados esta sexta-feira pelo Ministério da Educação referentes ao indicador de equidade, que acompanha os alunos carenciados durante cada ciclo no que respeita às taxas de conclusão no tempo esperado.

À exceção do último nível do ensino obrigatório, mais de 90% dos alunos que concluíram o ciclo no ano letivo 2020/2021 fizeram-no sem chumbar e, apesar de os dados confirmarem que o feito é mais difícil para um aluno carenciado, as diferenças não vão além dos cinco pontos percentuais, no 3.º ciclo. No 1.º ciclo, a diferença foi de quatro pontos, e de apenas um ponto no 2.º ciclo.  

O sucesso escolar é mais baixo no ensino secundário, mas as dificuldades são maiores para a generalidade dos alunos e não apenas para aqueles com ASE. A média nacional de conclusões no tempo esperado foi 77% e se limitarmos aos estudantes carenciados, esse número baixa para apenas 72%.

Enquanto a pobreza parece ditar, cada vez menos, o insucesso escolar dos alunos, há várias escolas em que as crianças e jovens mais carenciados conseguem mesmo contrariar e superar as expectativas.

Essas expectativas são representadas pela média nacional dos alunos com um perfil semelhante à entrada de cada ciclo ou, no caso do secundário, a média dos alunos que, no final do 9.º ano, demonstraram um nível escolar idêntico ao dos alunos da região e frequentavam escolas com uma percentagem semelhante de alunos com apoio ASE.

Logo no 1.º ciclo, 342 das 617 escolas com dados disponíveis conseguiram que os seus alunos superassem a média nacional, registando níveis positivos de equidade. Em Vila Real, o agrupamento de escolas Miguel Torga conseguiu o melhor resultado a nível nacional, uma vez que todos os alunos com ASE concluíram os quatro anos sem chumbar, comparando com a média nacional de 79%.

Com apenas dois anos de escolaridade, é no 2.º ciclo que se regista uma maior percentagem de escolas com níveis positivos de equidade (60%) e é também aqui que a distância entre as melhores e piores escolas é mais curta.

No 2.º ciclo, este 'ranking' é encabeçado pelo agrupamento de escolas Abade de Baçal, Bragança, onde todos os alunos com ASE concluíram no tempo esperado, face à média comparável de 89%. Com menos 48 pontos de equidade, apenas 56% dos alunos do agrupamento n.º 1 de Beja conseguiu o mesmo feito, quando a média nacional era 93%.

Por outro lado, as divergências entre o primeiro e último lugar são maiores no ensino secundário, mas foi também no último ciclo do ensino obrigatório que se registou o mais elevado nível de equidade (31 pontos). No agrupamento Frei Heitor Pinto, Covilhã, 96% dos alunos com ASE chegaram ao final do 12.º ano sem chumbar, muito acima da média comparável de 65%.

A diferença desta escola para o agrupamento n.º 1 de Beja foi de 69 pontos percentuais e, com uma equidade negativa de 38 pontos, só 20% dos alunos carenciados daquele agrupamento concluíram o secundário no tempo esperado.

Entre os quatro ciclos, o nível mais baixo de equidade regista-se, porém, no 3.º ciclo: entre os 20 alunos com ASE do agrupamento de escolas de Seia, só 40% concluíram no tempo esperado, menos 41 pontos percentuais face à média.

Por regiões, o Norte lidera em termos de equidade, com destaque para as escolas de Tâmega e Sousa, no 1.º e 3.º ciclos, e de Ave, no 2.º ciclo e secundário. Por outro lado, o Baixo Alentejo destaca-se, à semelhança dos anos anteriores, pela negativa, registando os piores resultados em todos os ciclos, à exceção do 2.º. Nesse caso, o último lugar do 'ranking' é ocupado pelas escolas do Alentejo Litoral.

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