Numa sessão no Parlamento, professor catedrático recomenda recruta militar para atrair mulheres para carreiras no digital. "Mil horas cada, nove meses", em "camaratas militares".
Uma proposta "militar" para resolver o baixo número de mulheres nas profissões ligadas às TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) que, nas palavras da deputada do PSD Emília Cerqueira, "muitos estranharão num país de brandos costumes". Na sexta-feira, num debate promovido pela subcomissão para a igualdade e não discriminação, o professor José Tribolet sugeriu como solução recrutar duas mil mulheres por ano para um treino ao "estilo militar": "mil horas cada, nove meses", e dormiam em camaratas militares.
"Que se recrutem as mancebas para esta recruta de forma proativa, assegurando uma revolução digna enquanto estudantes. São contratadas para estudar, mil euros por mês, sujeitas à regra rígida desta programação, ao estilo militar", anunciou o professor catedrático do Departamento de Engenharia Informática (DEI) do Instituto Superior Técnico no debate intitulado "A Economia Digital e as Mulheres", que decorreu na Assembleia da República.
Em articulação com "autarquias, paróquias, associações cívicas e as empresas", Tribolet diz que se devem criar "condições de alojamento para estas jovens junto dos locais de formação", pedindo a instituições "espaços que possam ser convertidos em camaratas, nomeadamente militares". O objetivo? Para que as recrutas "não percam tempo com transportes, e que tenham condições físicas e mentais adequadas ao intenso esforço que vão dispender."
José Tribolet no Parlamento.
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Perante a sugestão do catedrático, que apelida esta proposta de "via verde", a deputada social-democrata Emília Cerqueira (que moderou o debate) elogiou a "linguagem militar": "Muitos estranharão num país de brandos costumes, mas muito usada internacionalmente nos países de economias verdadeiramente competitivas."
Qualificadas mas distantes do digital
Este debate foi encerrado pela ministra de Estado e da Presidência (MEP), Mariana Vieira da Silva, que frisou a importância das mulheres fazerem parte da transição digital. "Houve um progresso extraordinário das qualificações nas últimas décadas – e ainda mais no caso das mulheres – mas a verdade é que o seu nível de participação nas áreas digitais continua a ser muito baixo".
As mulheres são das mais qualificadas: correspondem a 60% dos diplomados. Contudo, mais de 40% das mulheres formadas continua a enveredar profissionalmente pela Educação, Saúde e Apoio Social, consideradas áreas "tradicionais" e associadas ao sexo feminino.
"As perceções que cada um constrói sobre aquilo em que é melhor ou mais eficaz são fortemente influenciadas pela família, pela escola (do pré-escolar ao ensino superior) e pelas figuras de referência", salientou a governante. Ou seja, ainda há preconceito e estereótipo em relação àquilo que devem ser as profissões de homens e mulheres.
Mais mulheres no digital? É meter "mancebas" nove meses ao "estilo militar", ouvido na AR
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"O afundamento deles não começou no Canal; começou quando deixaram as suas casas. Talvez até tenha começado no dia em que se lhes meteu na cabeça a ideia de que tudo seria melhor noutro lugar, quando começaram a querer supermercados e abonos de família".