Classificado como monumento nacional desde 1910, o Quartel da Graça constava da lista de imóveis históricos a reabilitar no âmbito do programa Revive, apresentada em julho de 2019 pelo então Governo do PS.
Mais de mil pessoas já assinaram a petição "Parar o Hotel do Quartel da Graça", que pede a imediata revogação da concessão ao grupo Sana para a construção de uma unidade hoteleira no antigo Convento da Graça, em Lisboa.
Petição contra hotel no Quartel da Graça, monumento nacional em LisboaPedro Catarino/Correio da Manhã
Os peticionários querem impedir a construção de um hotel de luxo no centro histórico da capital e colocar o espaço, que é propriedade pública, ao serviço do bairro e da cidade.
Promovida pela Assembleia "Parar o Hotel no Quartel da Graça", um movimento independente constituído essencialmente por moradores do bairro lisboeta, a petição pode ser consultada no endereço https://peticaopublica.com/?pi=pararohotelnoquartel.
Em comunicado, a Assembleia refere que no domingo foi enviada uma carta aberta a todos os partidos e candidatos às eleições autárquicas de outubro, pedindo um posicionamento político sobre a questão do Quartel da Graça.
Classificado como monumento nacional desde 1910, o Quartel da Graça constava da lista de imóveis históricos a reabilitar no âmbito do programa Revive, apresentada em julho de 2019 pelo então Governo do PS.
Três meses depois, em outubro de 2019, o executivo anunciou que a concessão do Quartel da Graça seria entregue ao grupo Sana, por um período de 50 anos, para a instalação de um hotel de cinco estrelas, correspondendo a uma renda anual de 1,79 milhões de euros.
O investimento estimado para a instalação do hotel, com 120 quartos, foi de 30 milhões de euros, com abertura prevista para o final de 2022.
Contudo, as obras nunca chegaram a arrancar e o quartel encontra-se devoluto há vários anos e em rápida deterioração, com visíveis sinais de abandono, denuncia o grupo Assembleia da Graça.
"Em vez de um hotel destinado a engrossar os lucros de um grupo privado, queremos colocar o antigo quartel ao serviço das necessidades reais da população do bairro e da cidade, prosseguindo fins habitacionais, educativos, culturais e artísticos, com serviços de assistência e infraestruturas ligadas ao bem-estar das pessoas e à qualidade de vida urbana", lê-se na petição.
Os peticionários lembram que o bairro da Graça "é dos poucos bairros históricos que ainda resiste ao processo de gentrificação da cidade", alicerçado nas suas escolas e "no forte enraizamento dos seus moradores e das suas vivencias".
"Mas, com cada vez mais casas ocupadas pelo alojamento local, com o comércio tradicional transformado em bares, e lojas de 'souvenir' e com todo o tipo de viaturas destinadas a transportar turistas a circular pelo bairro, a construção de um hotel com 120 camas poderá ser o golpe fatal. Vale a pena lembrar que, no mesmo bairro, o Convento das Mónicas também dará lugar a um hotel com 128 camas", denunciam.
Desta forma, os peticionários exigem que o Estado "revogue a concessão desde já, para defender o monumento nacional da degradação e abandono e para garantir que serve efetivamente à população de Lisboa".
"Não estamos dispostos a assistir de braços cruzados à destruição de mais um bairro lisboeta. Reivindicamos o direito à cidade em que vivemos, o que significa que queremos também decidir sobre a utilização dos espaços públicos dos nossos bairros e da nossa cidade", referem.
Até hoje já assinaram a petição 1.224 pessoas, que defendem que o monumento nacional "esteja ao serviço do bairro e da cidade e não que seja transformado num hotel que vem agravar o processo de turistificação do bairro".
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