"Acho que há aqui bastantes factos que nos devem a todos preocupar", disse o presidente da Câmara de Mação.
O presidente da Câmara deMaçãoapelou hoje a uma reflexão profunda sobre os dados do relatório do incêndio de julho de 2019 no concelho, que faz críticas à falta de meios aéreos nas horas mais críticas de combate.
"Acho que há aqui bastantes factos que nos devem a todos preocupar e que devem fazer com que a própria Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil possa ter uma reflexão profunda sobre aquilo que aconteceu, de forma a evitar que em Mação ou em qualquer parte do país estas situações se possam verificar", disse hoje à Lusa Vasco Estrela (PSD), para quem o relatório vai ao encontro do que a autarquia denunciou na ocasião.
Para o autarca do distrito de Santarém, o documento "é muito claro sobre as circunstâncias em que se desenvolveu este incêndio", sendo "tranquilizador" relativamente às funções e obrigações do município em termos de prevenção.
"É um relatório que vem dar razão principalmente a mim, quando a determinada altura presenciei e denunciei a falta de meios no terreno e as dificuldades que estavam a existir para proteger as populações", acrescentou.
Na segunda-feira foi divulgado o relatório do Observatório Técnico Independente sobre o incêndio de Fundada, que ocorreu em julho de 2019 em Vila de Rei e Sertã (Castelo Branco) e Mação (Santarém), e no qual se pode ler que, na fase mais crítica de combate, foi "francamente notada" a falta de meios aéreos.
Os técnicos concluem que "a mobilização de meios aéreos acabou por não corresponder à fase de maior necessidade", estimando-se que, "nas primeiras 16 horas do incêndio, a área afetada foi cerca de 65% do total da área ardida deste incêndio, que durou três dias a ficar dominado e cinco dias até ser extinto".
"Na fase mais crítica, a falta de disponibilidade destes meios foi francamente notada", lê-se no relatório.
Vasco Estrela sublinhou que os 65% de área ardida nas primeiras 16 horas do incêndio revelam "uma deficiente abordagem inicial" e mostram que "os meios alocados ao terreno não chegaram muitas vezes em tempo útil", o que "confirma que os meios não estavam no terreno nas horas mais críticas", como denunciaram os autarcas.
"É preocupante perceber que na hora crítica do dia 21 [de julho de 2019], cerca das três da tarde, não havia um único meio aéreo no teatro de operações", observou o autarca, para quem "é o concelho de Mação que sofre mais uma vez", depois dos incêndios de 2017, nos quais também foram imputadas falhas ao comando operacional.
Questionado sobre se o município de Mação pondera avançar para apuramento de responsabilidades, Vasco Estrela disse que "esta situação é diferente da de 2017" e que "não vale a pena entrar por aí", reiterando o apelo a uma reflexão sobre os resultados do relatório.
"Fica de alguma forma o conforto de que aquilo que dissemos [...] era factual", afirmou, referindo que "o relatório está aí para que as pessoas tirem as suas conclusões sobre tudo aquilo que se passou, para que se tirem as devidas ilações e para que de futuro isto não se repita".
Várias aldeias foram atingidas pelo incêndio de 2019 em Mação, onde arderam totalmente cinco habitações e seis mil hectares de floresta, com as chamas a devastarem 50% da freguesia de Amêndoa e 80% da freguesia de Cardigos.
Este incêndio, que se iniciou na tarde do dia 20 de julho de 2019 no concelho de Vila de Rei e se estendeu depois aos de Mação e Sertã, foi considerado o maior de todos os incêndios ocorridos em 2019, com uma área total ardida estimada em 9.249 hectares (cerca de 22% da área total ardida no ano passado, que foi perto de 42.000 hectares).
Mação apela a "reflexão profunda" sobre relatório dos incêndios
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