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Governo tem "falta de coragem" para reformar sector da cibersegurança

12 de junho de 2018 às 16:40
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O ex-coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança Pedro Veiga criticou o executivo pelo "erro político grave" da tutela militar do sector.

O ex-coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) Pedro Veiga criticou o Governo pela "falta de coragem" para reestruturar este setor, considerando "um erro político grave" que permaneça sob tutela militar, numa entrevista publicada hoje no DN.

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Pedro Veiga
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Pedro Veiga
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A transposição para a lei da Directiva de Segurança das Redes e Sistemas de Informação (directiva SIRT) "prolonga a 'tutela' militar de uma área que é eminentemente civil, a cibersegurança", afirmou Pedro Veiga, que se demitiu do CNCS em 09 de maio.

O professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa defendia a autonomização do CNCS relativamente à tutela militar, do Gabinete Nacional de Segurança (GNS).

"Esperava que este governo tivesse concretizado uma separação clara da área de cibersegurança. (...) Parece-me ter havido falta de coragem para fazer uma verdadeira reestruturação desta área que está no centro da transformação digital", disse.

Para Pedro Veiga, "há uma significativa interferência da ciberdefesa com a cibersegurança pela mentalidade prática dos agentes envolvidos".

Na entrevista, o ex-coordenador do centro explicou ainda sentir-se enganado pelo ministro da Ciência, Manuel Heitor, por não ter transferido, como lhe prometeu, o domínio da gestão do domínio.pt para o CNCS, que está entregue a uma associação privada, que, em 2017, teve lucro de 2,7 milhões de euros.

E insistiu não compreender que um dos domínios importantes, como o .pt, que representa a soberania nacional, esteja nas mãos de uma associação privada, em que nada dos lucros revertam para o Estado.

Pedro Veiga, um dos pioneiros da Internet em Portugal, estava à frente do CNCS desde 2016 e demitiu-se do cargo em 09 de Maio, um dia antes de um exercício nacional de cibersegurança.

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