Em causa está o decreto de três dias de luto nacionla pela morte do Papa Francisco. José Adelino Maltez considera que não é por o Estado ser laico que não deveria ter sido decretado luto nacional, mas considera que se o Governo queria sinalizar o seu pesar poderia "ir aos eventos de gravata preta".
No dia 25 de abril é celebrado, em Itália, o Dia da Libertação do nazifascimo. Celebrado desde 1945, com o fim da II Guerra Mundial, o governo de Meloni decidiu manter as celebrações - este ano passam 80 anos da data -, mas pediu que fossem feitas de forma mais "sóbria" devido às cerimónias que decorrem no Vaticano pela morte do Papa Francisco e de o país se encontrar em luto nacional. Por cá, é o Dia da Liberdade e ministro Leitão Amaro anunciou queo Governo não vai participar na "agenda festiva"da Revolução dos Cravos uma vez que oluto nacionalimplica reserva nas comemorações.
Bruno Colaço/Correio da Manhã
Em ambos os países as decisões têm sido bastante criticadas nas redes sociais e por partidos da oposição. O investigador de ciência política José Adelino Maltez explica à SÁBADO que "esta é uma decisão autónoma, que em nada tem a ver com aquilo que é o luto nacional".
O professor vai mais longe considerando que o Governo "inventou a desculpa do luto", que "não obrigada a nada", para evitar "momentos como o que aconteceu no Mercado do Bulhão, onde a arruada antes da hora não lhe saiu bem". José Adelino Maltez considera ainda que se o Governo quisesse sinalizar o seu luto poderia "ir aos eventos de gravata preta".
"O Governo está no seu direito de tomar esta posição, não quer dizer que o tenha feito bem, para tentar limitar os riscos da imagem de um primeiro-ministro em part-time que está focado em transmitir propaganda política", acusa.
Mantém-se, ainda assim, a sessão solene do 25 de Abril no Parlamento, uma vez que este "é um órgão autónomo", tal como frisou o ministro da Presidência. Leitão Amaro referiu apenas que todos os membros do Executivo cancelaram os eventos de natureza festiva da sua agenda, como inaugurações e celebrações, isto significa que muitos dos eventos planeados podem não ser cancelados, apenas não ver ter a presença dos representantes do Governo.
"Comunicámos às entidades organizadoras, e estamos a comunicar, (...) que não participaremos nesses eventos de celebração neste período, que é um período de consternação e de homenagem sincera e profunda", afirmou o ministro da Presidência.
Leitão Amaro referiu ainda que o Governo adiou os "momentos festivos" para uma "data subsequente" ao 25 de Abril, algo que José Adelino Maltez considera que "não faz sentido nenhum": "O 25 de Abril é o 25 de Abril, o luto é o luto, a morte de Francisco é a morte de Francisco, não é tudo a mesma coisa e o 25 de Abril deve ser celebrado no dia 25 de abril".
Entretanto a tradicional abertura dos jardins da resistência oficial do primeiro-ministro no 25 de Abril foi adiada para o dia 1 de maio, Dia do Trabalhador. O momento vai contar ainda com as atuações dos Pauliteiros de Miranda, de grupos de cante alentejano e um miniconcerto de Tony Carreira. Ainda assim o gabinete de Luís Montenegro já esclareceu que no dia 25 de abril os jardins estarão abertos ao público entre as 10h00 e as 17h00, com distribuição de cravos.
Já relativamente às críticas de que o Estado é laico e que, por isso, não deveria ter sido decretado luto nacional, José Adelino Maltez, recorda que "o Estado é laico, mas a sociedade pode não ser, na realidade pode ser uma outra coisa qualquer". "A nossa Constituição garante a liberdade religiosa sendo que a maior parte da sociedade é católica", sublinha lembrando que nos últimos Censos, 84% da população referiu ser católica. Isto significa que "o Estado não defende uma religião nem uma anti-religião".
O professor universitário recorda até "o pacto de separação entre a Igreja e o Estado como uma das muitas coisas boas do 25 de Abril", que foi até recordado por "Bento XVI na sua visita em Portugal como algo que também foi bom para a Igreja".
Ainda assim, José Adelino Maltez esclarece que "o luto não tem nada a ver com a religião, mas sim com um chefe de Estado que tem relações antigas com Portugal e morreu em funções". Também Marcelo Rebelo de Sousa referiu esta ligação antiga na sua comunicação ao País no início da semana quando recordou que o bispo de Roma "não era um qualquer chefe de Estado amigo de Portugal", mas sim "o sucessor da primeira entidade universal a reconhecer a nossa independência".
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.
Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.