Rosário Palma Ramalho sinaliza três alterações ao seu anteprojeto de alterações ao Código do Trabalho: uma clarificação não explicada das regras de atestados médicos na amamentação, introdução de jornada contínua para pais, mães e talvez avós, e “uma pequena alteração” ao nível dos deveres de informação ao trabalhador.
O Governo quer introduzir no polémico anteprojeto de
alterações ao Código do Trabalho algumas mudanças que a ministra do Trabalho descreve
como “mais consensuais”, e cujo detalhe ainda vai passar por concertação social. No caso
da jornada contínua, a ideia é que “pais e mães com filhos pequenos” possam
sair mais cedo do trabalho, disse a ministra do Trabalho, esta quinta-feira, admitindo que o mesmo aconteça no caso dos avós.
Maria Rosário Palma Ramalho, ministra do Trabalho, está reunida
À margem do Congresso de Direito do Trabalho, onde defendeu
o anteprojeto, Rosário Palma Ramalho reiterou que este é “uma solução que admite construção”. Desde 24 de julho, quando a proposta foi divulgada, “surgiram
variadíssimas sugestões e, portanto, aquelas que nos pareceram consensuais –
mas que também vamos levar aos parceiros – serão integradas”.
Embora tenha recusado “dizer a metro” quantas alterações está
a ponderar, a ministra identificou algumas.
“Eu já identifiquei algumas, alguma clarificação na
matéria dos certificados médicos no caso da amamentação, também já anunciei que
o Governo vai acrescentar a reintrodução da jornada contínua para os pais e
mães com filhos pequenos, que permite, de facto, sair mais cedo do trabalho
e, portanto, conciliar melhor com a vida familiar e com as responsabilidades da
educação”, disse. Há ainda “uma pequena alteração em matéria de direito de
informação”, num ponto “que não estava bem pensado”, disse, em resposta aos jornalistas.
Quanto à jornada contínua – que na Função Pública permite
que com meia hora de intervalo para almoço a hora de saída seja antecipada em
uma hora, mas apenas se o empregador o autorizar – a solução ainda não está fechada,
mas “o objetivo é aquele que eu indiquei, permitir que, através de uma
diminuição do intervalo de descanso a meio do dia, que os pais, ou as mães, ou
ambos, saiam mais cedo e portanto tenham mais tempo com os seus filhos”, descreveu.
“Até pode ser para os avós, um avô que toma conta" da criança. "Não
modelei, não modelámos ainda”, respondeu. De qualquer forma, “isso ficará no Código de Trabalho”,
independentemente do que esteja estabelecido em negociação coletiva.
A ideia de introduzir a jornada contínua no privado, que
a ministra tinha anunciado em entrevista ao Negócios, é tomada depois da
contestação gerada pela limitação da redução de horário associada à amamentação, que o anteprojeto limita a dois anos, das restrições que na prática impedem que os
trabalhadores com filhos pequenos possam recusar trabalho à noite ou ao fim de semana,
ou das alterações ao luto gestacional.
A intenção de avançar para “alguma clarificação na
matéria dos certificados médicos no caso da amamentação” não foi explicada
aos jornalistas, nem pela ministra nem pelo seu gabinete. O que se sabe é que,
além da limitação a dois anos, o anteprojeto prevê a apresentação dos atestados
de seis em seis meses, quando atualmente a lei os prevê apenas a partir do segundo ano
mas sem estabelecer qualquer periodicidade.
Sem esclarecimento ficou igualmente a “pequena alteração”
relativa ao direito de informação.
Questionada sobre quando chega o diploma ao Parlamento, a
ministra não foi taxativa, mas admitiu que a discussão possa prosseguir em
concertação a seguir à discussão do orçamento.
“Só no final das [reuniões] bilaterais, ao longo do mês de
novembro, no limite será a seguir ao orçamento”, disse.
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O regresso de Ventura ao modo agressivo não é um episódio. É pensado e planeado e é o trilho de sobrevivência e eventual crescimento numa travessia que pode ser mais longa do que o antecipado. E que o desejado. Por isso, vai invocar muitos salazares até lá.
O espaço lusófono não se pode resignar a ver uma das suas democracias ser corroída perante a total desatenção da opinião pública e inação da classe política.