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Famílias de reféns luso-israelitas rezam em Lisboa pelo "fim do pesadelo"

Momento de oração com as famílias dos reféns foi partilhada com "muita dor, mas também com muita esperança".

Famílias de quatro reféns luso-israelitas, sequestrados há dois meses pelo grupo extremista islâmico Hamas, juntaram-se esta terça-feira na sinagoga de Lisboa para rezar pela sua libertação e o "fim do pesadelo".

REUTERS/Athit Perawongmetha

Perante uma centena de pessoas que se juntaram na sinagoga em oração, Nira Herman Sharaby recordou o ataque a que o kibutz onde vivia foi sujeito na manhã de 7 de outubro. Nira não vê a cunhada e o marido desde esse dia e só quer que "o pesadelo termine".

Sobre o marido, Yossi (53 anos), Nira Sharaby não tem qualquer informação. Já sobre a cunhada, Eli (51 anos), recebeu informações há quatro semanas que estaria ainda viva.

Visivelmente emocionada e a segurar um cartaz com a imagem do marido, Nira Sharaby, foi amparada pelo cunhado, Raz Matalon, que perdeu três membros da família no ataque.

Esta terça-feira, em Lisboa, Raz Matalon agradece o apoio do mundo contra o ódio: "Não sou religioso, mas acredito na força da comunidade".

Sobre o ataque, Raz Matalon lamenta a violência que o vai acompanhar o resto da vida. "O cemitério da minha aldeia ficou cheio de gente jovem".

Emocionado, Omri Shviti recordou aquele dia, quando o irmão, Idan (28 anos), "o melhor amigo que se pode ter", foi a um festival de música. Segundo relatos, terá tido um acidente de automóvel a tentar fugir dos terroristas e terá morrido quatro dias depois num hospital em Gaza, em resultado dos ferimentos.

Mas Omri Svhiti e a sua irmã não querem acreditar. "Temos uma grande crença que ele está vivo e rezamos por isso todos os dias", disse Omri.

Antes do festival, o jovem de 28 anos tinha-lhe dito que queria fazer "voluntariado em áfrica" e "deixar a sua marca no mundo".

"Não queremos saber de política, nunca quisemos saber. Queremos é que ele volte para casa", afirmou Omri Shviti.

Já Amir Trebitch tem um primo desaparecido desde 7 de outubro, Tsachi Idan (49 anos). "Estamos aqui em Portugal para fazer pressão para a sua libertação", afirmou, justificando a sua presença em Portugal, a convite da embaixada de Israel em Lisboa.

Por seu turno, o embaixador israelita, Dor Shapiro, agradeceu o apoio de Portugal e dos portugueses, uma "solidariedade importante que é sentida" também em Israel.

O momento de oração desta noite com as famílias dos reféns é partilhada com "muita dor, mas também com muita esperança", o que mostra a unidade do mundo e de Israel naquilo que classificou de luta contra o terrorismo.

"Esta unidade mostra-nos o espírito dos israelitas -- judeus, muçulmanos e cristãos -- em querer regressar à normalidade", depois de "trazer os reféns de volta".

Sobre a possibilidade de um cessar-fogo, pedido por vários países e organizações, o embaixador alinhou o discurso com a posição oficial de Telavive.

O "cessar-fogo foi rompido pelo Hamas a 07 de outubro" e se o movimento extremista islâmico quer uma pausa desse tipo de novo pode ter uma "resposta em dois minutos, basta render-se, entregar as armas e entregar os reféns".

Até lá, as tropas israelitas continuarão no terreno para "eliminar esta organização terrorista, pacificar a região e trazer os 138 reféns de volta", afirmou o diplomata.

Na cerimónia, discursou também o líder da Comunidade Israelita de Lisboa, David Botelho, que salientou que "Portugal está do lado justo deste conflito desencadeado unilateral e violentamente pelos terroristas do Hamas".

"Portugal apoiará as democracias contra as tiranias, defenderá o estado de direito contra o totalitarismo, valorizará os que promovem e praticam as liberdades contra os que querem governar em ditaduras", seja "no plano bilateral, seja no plano europeu", afirmou David Botelho.

No final da cerimónia, os presentes foram convidados a rezar pela libertação dos reféns, mas também pelos "soldados heroicos que estão a lutar em Gaza e no norte do Líbano", segundo a organização.

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