Na Comissão Parlamentar de inquérito ao caso das gémeas, Vítor Almeida garantiu que resposta enviada à mãe das gémeas, de pedido de contacto de uma médica, foi feita pelo consultor José Magro, sem que ele tivesse autorizado.
Vítor Almeida, diretor comercial do Hospital Lusíadas Lisboa, foi esta quinta-feira ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma. Em resposta aos vários deputados, Vítor Almeida garantiu que nunca respondeu a um e-mail da mãe das gémeas, que pedia o contacto de "uma médica" que pudesse tratar as meninas lusobrasileiras que sofrem de uma doença rara. Acusou, assim, o consultor José Magro de o ter feito sem o seu consentimento.
"José Magro respondeu em meu nome", começou por referir Vítor Almeida. "Foi uma diligência grave enviarem um e-mail em meu nome. Acho que não deveria ter feito, mas fez", respondeu quando questionado pelo líder do Chega, André Ventura.
Na audição, Vítor Almeida acrescentou que nunca falou com o "Dr. José Magro" sobre este e-mail nem com Daniela Martins, a mãe das gémeas. Disse que só tomou conhecimento deste e-mail quando ouviu o seu "nome na comissão".
Questionado se lhe foi pedido o contacto de "uma médica qualquer", o diretor indicou inicialmente que sim. Contudo, já a meio da comissão mudou o seu argumento. Referiu que lhe terá sido pedido o contacto da "Dra. Teresa Moreno", médica especialista na doença das gémeas e que trabalhava nos Lusíadas e no Hospital Santa Maria.
"[José Magro] deve ter pedido o número da Dra. Teresa Moreno", disse.
Ainda assim, o diretor deixou claro que nunca chegou a fornecer este contacto. "Disse ao José Magro que ia tentar saber sobre este assunto e que diria qualquer coisa, mas não respondi a tempo." A verdade é que chegou a estar marcada uma consulta para as gémeas neste hospital privado que foi entretanto desmarcada quando elas conseguiram marcação no Santa Maria, onde acabaram a receber o medicamento que custa cerca de dois milhões de euros por doente.
José Magro é um consultor com contactos em Portugal e no Brasil, que conhecia profissionalmente Nuno Rebelo de Sousa, como o próprio admitiu quando foi ouvido na mesma comissão, a 25 de outubro. O consultor revelou ainda que tentou chegar ao contacto com a médica Teresa Moreno depois de ter sido contactado por Eduardo Migliorelli, empresário brasileiro residente em Portugal e que não conhecia a família das gémeas pessoalmente. José Magro foi colega de Vítor Almeida.
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