Cada um puxou a brasa à sua sardinha no primeiro debate pela capital. Neste caso, a sardinha de Moedas é... Moedas, que diz ter feito mandato “absolutamente único”. E foi a vítima comum dos restantes candidatos.
Naquele que foi o
primeiro debate autárquicos em Lisboa, o presidente da Câmara
Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, falou, de forma quase teatral, do
“muito” que Carlos Moedas fez pela cidade. Habitação? “Até
hoje entregámos 2800 chaves…”;
Iluminação? “Quando cheguei, o serviço de iluminação de Medina
e Costa tinha 16 pessoas.” Descarrilou um ascensor com vítimas
mortais e feridos? “Assumirei até ao fim da minha vida essa
responsabilidade política (…) estive no terreno, estive de tomar
muitas decisões, e não é para reunião da Câmara, era para
coordenar com a ministra da Saúde, da Justiça, o MNE, a MAI,
coordenar e estar ali ao lado das pessoas. (…) Aumentámos em 30%
as despesas de manutenção dos ascensores...” Demissão pela
tragédia? “o julgamento será feito pelas pessoas [nas eleições
autárquicas de 12 de outubro].”
Debate autárquico com Alexandra Leitão, Carlos Moedas, Bruno Mascarenhas e João Ferreira
Os
outros fizeram campanha de mira no autarca, que se queixava: “Estou
aqui 3 contra um…” Alexandra Leitão, candidata da coligação
PS/Livre/BE/PAN desmentiu-o diversas vezes. “2800 chaves”? “A
história das 2800 chaves é falaciosa (…) chaves entregues e casas
novas são dois conceitos diferentes (…) destas, 1874 estavam em
construção quando chegaram ao executivo”, afirma a socialista.
Moedas aumentou as despesas de manutenção dos ascensores? “No que
toca à despesa com a manutenção, não houve um aumento” – o
que é verdade, de 2019 para 2022 a componente referente à
manutenção diminuiu 2%. Sobre o tema do descarrilamento, num
equilíbrio entre não ser acusada de aproveitamento político (e
sabendo que o executivo PS também poderá ter alguma
responsabilidade na atual situação de manutenção da Carris), não
exigiu a demissão de Carlos Moedas, mas exigiu “serenidade” –
“Temos de saber o que correu mal para saber atuar (…) para
garantir que não volta a acontecer”. E exigiu mais documentação
exigida pelo PS: “tanto quanto sei ainda não chegaram documentos.”
Outro
motivo de choque foi a Habitação. Leitão defende “construção
municipal, que deve ser acelerada em sítios como o projeto do
Restelo, Marvila, Tapada das Necessidades” – “temos capacidade
de fazer 4500 fogos em muitos dos programas de renda acessível que
não saíram do papel” –, mobilizar privados para permitir
“majoração em todos os empreendimentos privados que aceitem pôr
25% da construção em arrendamento acessível” e restringir
alojamento local para “libertar casas para arrendamento duradouro”.
Já Carlos Moedas, que se diz estar “à vontade” para falar sobre
o assunto, diz que fez na habitação o seu mandato foi
“absolutamente único” – e que só não conseguiu avançar com
projetos com privados por “bloqueio” do PS. Leitão acusa esses
projetos de não terem renda acessível.
Chega do contra,
PCP experiente
Já
Bruno Mascarenhas trouxe uma estratégia anti-elite – da Habitação
à Mobilidade, passando pela Segurança, o seu grande cavalo de
batalho, tudo é culpa do PS e PSD, os “partidos do sistema” que
lideraram a capital nas últimas décadas. “São dois partidos
capturados pelo sistema, pelos, pelos aparelhos partidários.”
Sobre a Carris e o descarrilamento dos ascensores, diz que “Moedas
é perito na desresponsabilização” e que só pediu a moção de
censura na assembleia como “um sinal”. “Carlos Moedas teve à
sua disposição 5 mil milhões de euros para gerir e cidade está
bem pior do que estava há quatro anos.” A sua bandeira foi a
imigração, num dos momentos de maior choque com o atual autarca:
afirmou que Moedas não dotou a Polícia Municipal, exigindo ao
Governo central mais competências a esta força, e acusa o edil de
não controlar a imigração. “Só podemos integrar os que querem
ser integrados, os que têm uma raiz cultural connosco e não as
pessoas que vêm do Hindustão. É um erro querer integrar essas
pessoas.” Moedas contra-ataca: “Fui dos primeiros políticos a
falar sobre o que se estava a passar na imigração.”
Também
com a mira no PSD e PS, João Ferreira, o candidato da CDU, vereador
há 12 anos, mostrou ser experiente neste debate. Carris? Apontou o
"desinvestimento" e a externalização da manutenção. "O
investimento médio é 27 milhões e não varia muito entre PS e
PSD", disse. Habitação? PS deu a mão à PSD ao aprovar
orçamentos do executivo: “Carlos Moedas agiu mal, mas não esteve
sozinho, houve quem lhe desse a mão.” Segurança? “Guerra das
câmaras videovigiliância”, motivo de debate entre PSD e PS, são
pouco dissuasoras e fala em esquadras e policiamento de proximidade.
Deu Carnide como exemplo: "Como é que em quatro anos não faz
obras necessárias para que esquadra regresse?"
Debate: A hubris de Moedas “contra três” no debate por Lisboa
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