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Johnson & Johnson. Portugal continuará a vacinar menores de 60 anos

Portugal diz que vacina "tem condições para ser utilizada" e opta por uma abordagem diferente à que tinha sido feita à vacina da AstraZeneca, não suspendendo a administração da vacina a menores de 60 anos - pelo menos para já. Ministra da Saúde garantiu que maiores de 60 anos receberão pelo menos uma dose da vacina até ao final do mês de maio.

A Direção-Geral da Saúde, o Ministério da Saúde e o Infarmed garantiram esta quarta-feira que "há condições para manter" a administração da vacina contra a covid-19 da Johnson & Johnson, não suspendendo a administração da vacina a menores de 60 anos como aconteceu para a vacina da AstraZeneca.

Marta Temido e Graça Freitas
Marta Temido e Graça Freitas Lusa

A tomada de posição acontece um dia após a Agência Europeia do Medicamento (EMA) se ter pronunciado sobre os efeitos tromboembólicos e de coagulação do sangue em vacinados, sublinhando que foi encontrada uma "possível" ligação entre a administração desta vacina e a formação de eventos tromboembólicos graves, mas que os benefícios encontrados são muito superiores em relação ao risco de formação de coágulos.

Na conferência de imprensa, em que estiveram presentes a ministra da Saúde, Marta Temido, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, o presidente do Infarmed, Rui Ivo, e o coordenador da task-force para a Vacinação, Henrique Gouveia e Melo, foi comunicado que Portugal já completou a vacinação em mais de 7% da população, com mais de 2 milhões de portugueses a já terem recebido pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19.

Conferência de imprensa - DGS, Ministério da Saúde, Infarmed, Vacinação


"Vamos agora ter uma fase com maior disponibilidade de vacinas", afirma Marta Temido, que indicou que a população com mais de 60 anos terá pelo menos uma dose da vacina até ao final de maio e prevendo "mais de 100 mil vacinações por dia" a partir da próxima semana e que foram administradas mais de 120 mil doses da vacina só no passado sábado, o que demonstra a atual capacidade do sistema de vacinação.

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, comunicou depois um plano que passa por quatro fases da vacinação: a capacidade de fabricar vacinas, o seu licenciamento, as regras implementadas pelas autoridades de saúde e a operacionalização da vacinação, e apontando que a faixa etária entre os 70 e 79 anos é agora a prioridade, seguida da faixa dos 60 aos 69 anos, "e assim sucessivamente".

Graça Freitas indica também que doentes oncológicos, que estão a realizar quimioterapia ou radioterapia, serão uma prioridade, tal como pessoas em situação de transplantação, imunodepressão, doenças neurológicas e epilepsia refratária. Doentes com patologias mentais como a esquizofrenia também vão entrar na lista de prioridades. Para trás ficam doentes com obesidade e diabéticos tipo II, que vão ser vacinados de acordo com a faixa etária.

O coordenador da task-force, almirante Gouveia e Melo, previu que, durante os próximos quatro meses, seja expetável um ritmo de vacinação acima das 100 mil doses administradas por dia - sete dias por semana durante cerca de quatro meses.

O presidente do Infarmed, Rui Ivo, avançou depois que existem duas vacinas em avaliação atualmente - a alemã da Curevac e a norte-americana da Novavax. Sobre a vacina da AstraZeneca, o responsável da Autoridade do Medicamento diz que a entidade está "a avaliar em maior detalhe a informação recebida", que poderá ser conhecida na próxima sexta-feira através da Agência Europeia do Medicamento.

Quanto à vacina da Jansen, da Johnson & Johnson, Rui Ivo apontou que os casos de coágulos no sangue em vacinados são "mesmo muito raros" e que é necessária uma "maior atenção" para a utilização desta vacina e da AstraZeneca, mas aponta que existem "condições para manter a vacina". Sublinha que apenas foram registados sete casos nos Estados Unidos e que as conclusões da EMA, reveladas ontem, estão ainda sob avaliação.

"Neste momento em relação a qualquer das quatro vacinas aprovadas pela União Europeia existem condições para a sua utilização. Não há nenhuma razão para constrangimento da utilização das vacinas", sobretudo quando o alvo da vacinação são utentes entre os 70 e os 79 anos, refere, não excluindo, para já, uma restrição etária semelhante à que está em vigora para a da AstraZeneca.


Rui Ivo lembra também que a vacina da Johnson & Johnson é, para já, "segura e eficaz". "A questão agora é saber se deve ser restrita a uma faixa etária até haver mais informações", afirma.

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