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Clima: Greve de "heróis de 16 e 17 anos" é um alerta para o mundo, diz especialista

"Precisamos de heróis de 16 e 17 anos que se estão a sacrificar para chamar a atenção para um problema que nós sabemos resolver", vincou Filipe Duarte Santos.

A greve que milhares de jovens voltam hoje a fazer às aulas em mais de uma centena de países "alertou o mundo" para asalterações climáticas, diz o presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS).

"Penso que há algo que nos deve interpelar a nós, adultos, e à geração menos jovem, que é o facto de serem adolescentes - começou com [a jovem sueca]Greta Thunberg- que fazem algo que os prejudica momentaneamente, que é não irem às aulas. Só essa ação de adolescentes que se estão a prejudicar é que alertou o mundo", disse à agência Lusa o especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos, que falava à margem do 2.º Congresso "Adaptação às Alterações Climáticas da Região de Coimbra"

O presidente do CNADS e especialista em alterações climáticas comentava o protesto que hoje volta a ocorrer, em que milhares de jovens de mais de uma centena de países, incluindo de meia centena de localidades de Portugal, fazem greve às aulas para protestar contra a inação dos governos em relação ao clima.

"É extraordinário termos chegado a este ponto. Precisamos de heróis de 16 e 17 anos que se estão a sacrificar para chamar a atenção para um problema que nós sabemos resolver e, nesse aspeto, é algo que nos interpela a todos e que também nos dá esperança", vincou Filipe Duarte Santos.

Para o especialista, que foi um dos revisores do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), esta greve mundial de adolescentes está a ter um papel muito importante para se compreender a urgência da questão.

"É algo que é urgente e estes jovens têm despertado a atenção de muitas pessoas para a urgência deste problema", disse.

Em relação a Portugal, Filipe Duarte Santos considera que o país "tem feito um muito bom caminho na redução de emissão de gases com efeitos de estufa", porém, vincou, é sempre precisa mais ambição.

"Esta é uma questão, sobretudo, de natureza ética. As nossas emissões são 1,4% da União Europeia e a União Europeia tem cerca de 10% das emissões globais. Contribuímos com 0,14% para as emissões globais, mas somos bastante afetados. Apesar disso, tem havido, por parte dos diferentes Governos, um grande consenso em fazer o combate às alterações climáticas e devemos fazer esse combate e dar o exemplo", salientou.

O protesto dos jovens, o segundo deste ano, serve para alertar os governos para a necessidade de tomarem medidas concretas para se limitarem a emissão de gases com efeito de estufa, que, segundo os cientistas de todo o mundo, estão a provocar alterações drásticas, graves e rápidas no clima da Terra.

Depois de uma greve idêntica a 15 de março passado, a de hoje tem o apoio dos adultos, professores e organizações ambientalistas.

Estão previstas ações dos jovens em mais de 1.600 cidades de 119 países e em Portugal devem realizar-se manifestações em pelo menos 48 locais, por todo o país.

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