Sábado – Pense por si

Choques nos bastidores e protagonismo de Centeno geram desconforto no BdP

Bruno Faria Lopes
Bruno Faria Lopes 15 de janeiro de 2025 às 07:00

Mário Centeno suspendeu João Valle e Azevedo, hoje deputado, quando soube pelos media que este colaborava com o PSD. A história do choque em 2023 - a que se junta, entre outros episódios, uma averiguação posterior ao atual diretor do Departamento de Estudos Económicos - ilustra a degradação do ambiente entre os técnicos do banco e o governador. E mostra, pelo meio, como a política se infiltra na vida do banco central.

Mário Centeno teve uma surpresa quando, em plena silly season, em agosto de 2023, leu no Observador sobre os peritos que estavam a trabalhar para o programa económico do PSD – um deles, identificado no título como “um quadro do Banco de Portugal”, era João Valle e Azevedo, economista reputado do banco. O governador do Banco de Portugal (BdP), tal como os colegas de Valle e Azevedo, sabia que este era do PSD, mas não sabia que estava a colaborar com a equipa de Luís Montenegro. O que se seguiu foi um confronto entre o governador e o agora deputado do PSD, que ilustra o ambiente de tensão entre Centeno e o Departamento de Estudos Económicos – e que, em pano de fundo, mostra como o BdP continua a ser uma bolsa de recrutamento para os dois maiores partidos, PS e PSD.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais

A fragilidade do que é essencial: proteger a justiça

A recente manifestação dos juízes e procuradores italianos, que envergaram as suas becas e empunharam cópias da Constituição nas portas dos tribunais, é um sinal inequívoco de que mesmo sistemas jurídicos amadurecidos podem ser alvo de ameaças sérias à sua integridade.

Jolly Jumper

Apoiando Marques Mendes, recuso-me a “relinchar” alegremente campanha fora, como parece tomar por certo o nosso indómito candidato naquele tom castrense ao estilo “é assim como eu digo e porque sou eu a dizer, ou não é de forma alguma!”.