Deputado municipal do partido de André Ventura, acusado de prostituição de menores, tem também uma empresa de organização de eventos contratada para fazer assessoria ao vereador do Chega em Loures. Perfil de mais um arguido no Chega, que esteve quase a ser eleito deputado no Parlamento.
Entre as várias comissões e grupos de trabalho em que os deputados da Assembleia Municipal de Lisboa se dividem está a Assembleia das Crianças, de que faz parte Nuno Pardal Ribeiro, indicado pelo Chega, e que agora foi acusado pelo Ministério Público de dois crimes de recurso a prostituição de menores agravados, escreve o Expresso. A iniciativa destina-se a crianças entre os 8 e os 12 anos e teve por exemplo uma reunião com crianças no dia 28 de novembro de 2024, entre as 10-12h, nas instalações da Assembleia Municipal de Lisboa.
De acordo com o semanário, o ex-deputado municipal do Chega (anunciou a saída do cargo esta semana), praticou "sexo oral 'mútuo'" com um rapaz de 15 anos, a troco de 20 euros. Nuno Pardal Ribeiro, 51 anos, e o jovem conheceram-se no Grindr, uma aplicação usada para convívio entre homossexuais, passando depois a comunicar via WhatsApp, relata o Expresso com base na acusação do Ministério Público.
No dia 11 de julho de 2023, após um encontro junto a uma estação de comboios, os dois seguiram no carro do homem em direção a um pinhal. Durante o trajeto, o conselheiro nacional do Chega perguntou ao rapaz que idade tinha e este respondeu 15, segundo a acusação. O caso foi denunciado à Polícia Judiciária pelos pais do menor depois de terem tido acesso às mensagens do WhatsApp no telemóvel do filho.
A idade legal para dar consentimento a relações sexuais com adultos é de 16 anos e, no caso de haver pagamento, 18 anos, pelo que, neste caso, o Ministério Público considera estar-se perante dois casos de recurso à prostituição de menores agravado, um consumado e outro na forma tentada, uma vez que Nuno Pardal Ribeiro procurou um segundo encontro, que foi recusado pelo jovem. Ao Expresso, Nuno Pardal não negou o encontro com o adolescente, mas disse desconhecer que era menor de idade. "Irei serenamente preceder à minha defesa, lamentando profundamente a situação desagradável para todas as partes", afirmou ao jornal.
Nuno Pardal Ribeiro é um antigo toureiro (paixão que partilha com Pedro Pinto, líder da bancada do Chega no Parlamento) e homem do aparelho do partido na capital - é vice-presidente da distrital de Lisboa do Chega, cargo de que se demitiu após ser conhecida esta acusação. Tal como a SÁBADO escreveu há um ano, acumula várias funções.
Foi contratado por €1.725 por mês para assessorar o vereador do Chega em Loures, Bruno Nunes, que também é deputado no Parlamento. A 8 de fevereiro de 2023, Pardal Ribeiro firmou através da sua empresa Promauto um contrato para "prestação de serviços, em regime de avença, de assessoria técnica nas áreas da comunicação, relações públicas e organização de eventos", com vigência até ao fim do atual mandato autárquico. À SÁBADO, fonte oficial da câmara de Loures confirma que os serviços de "trabalhador municipal" servem de apoio ao "gabinete político do vereador eleito pelo partido Chega". "O contrato foi celebrado de acordo com a necessidade identificada e manifestada pelo gabinete político do Chega", explicou a autarquia. Mais tarde, fonte oficial indicou que o contrato foi rescindido.
À SÁBADO, Bruno Nunes justifica ter escolhido a empresa de Pardal Ribeiro por haver "confiança técnica e política" e ser "o preço mais baixo". "A opção da escolha da empresa deve-se ao preço mais baixo e confiança nos pareceres técnicos", frisa. Segundo Nunes, os pareceres técnicos têm um cariz de "confiança política" porque servem para escrutinar os gastos da autarquia, como aconteceu na Jornada Mundial da Juventude e na Festa do Caracol. "Está tudo documentado", acrescenta. Além disso, o deputado garante que não usa na totalidade a avença mensal disponível para a sua vereação. "Estive vários meses sem a usar sequer. Mais de seis meses onde suspendi as avenças por não necessitar dos serviços". À SÁBADO, Bruno Nunes salienta que a empresa presta serviço exclusivamente para a autarquia. Já fonte oficial do grupo parlamentar do Chega não comentou nenhum dos casos, remetendo para as estruturas locais, que também não responderam.
De referir que Nuno Pardal Ribeiro entrou no hemiciclo como assessor, mas esteve quase a entrar como deputado. Nas últimas Legislativas, concorreu pelo Chega no círculo de Lisboa no 10.º lugar e o partido elegeu nove deputados. Foi por um triz que André Ventura não tinha aqui o segundo deputado afastado.
Notícia atualizada às 18h34 com a rescisão do contrato entre Nuno Pardal e a Câmara Municipal de Loures.
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