Ex-primeiro-ministro comenta ligações do banco a Vale do Lobo, empreendimento turístico que é investigado no âmbito da Operação Marquês
O ex-primeiro-ministro José Sócrates considerou hoje que a comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos é uma "infantil manobra táctica preventiva" do PSD e "um ataque" a si e aos seus governos.
"Tem como objectivo principal lançar mais outro ataque de carácter sobre mim e sobre o Governo que liderei", escreve José Sócrates num artigo publicado na edição de hoje do Jornal de Notíciase na página na internet da TSF.
"O que me parece é estarmos perante uma infantil manobra táctica preventiva: acuso-te já para que não me venham a acusar", escreve Sócrates no mesmo texto, acrescentando que "é difícil acreditar que as necessidades actuais de capital da Caixa Geral de Depósitos se devam à responsabilidade do Governo que governou... há cinco anos".
O ex-primeiro-ministro diz que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi capitalizada em 2012, "outros bancos fizeram operações idênticas e passados uns anos devolveram (ou estão a devolver) o dinheiro emprestado pelo Estado".
"Se isso não aconteceu na Caixa é difícil não deduzir que o falhanço no reembolso da dívida e nas necessidades acrescidas de capital tenha a ver com o que se passou nos anos subsequentes", escreve.
Sócrates afirma ainda "peremptoriamente" que nunca interveio junto da administração da CGD "para que fosse concedido qualquer crédito" e nunca ninguém lhe pediu que o fizesse.
Para o ex-primeiro-ministro, "no centro deste ataque político" está "a imputação feita pelo Ministério Público relativa a Vale do Lobo", no âmbito da Operação Marquês, em que o ex-primeiro-ministro é arguido.
"Nunca tive conhecimento - nem tinha de ter - de nenhuma decisão da Caixa relativa a esse empreendimento turístico (...), até 2015, altura em que o assunto passou a ser noticiado, não conhecia nem os accionistas nem os gestores nem ninguém ligado a tal empreendimento", garante.
No artigo, Sócrates considera ainda que a proposta do PSD para a comissão de inquérito visa também "desacreditar tudo o que é público", sublinhando que "a Caixa teve problemas com créditos concedidos como tiveram todos os bancos em Portugal e no mundo".
"A iniciativa tem implícita o infame princípio de transformar eventuais más decisões (...) em crimes ou de corrupção ou de amiguismo. Esta é uma estratégia de terra queimada de quem está disposto a pôr de lado os fundamentos do Estado de Direito Democrático julgando sem acusação e condenando sem julgamento. (...) Para a direita política parece que chegou o tempo em que os fins justificam os meios, transformando o espaço da política em território de 'pequenos inquisidores'", escreve.
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O espaço lusófono não se pode resignar a ver uma das suas democracias ser corroída perante a total desatenção da opinião pública e inação da classe política.
É muito evidente que hoje, em 2025, há mais terraplanistas, sim, pessoas que acreditam que a Terra é plana e não redonda, do que em 1925, por exemplo, ou bem lá para trás. O que os terraplanistas estão a fazer é basicamente dizer: eu não concordo com o facto de a terra ser redonda.
O regresso de Ventura ao modo agressivo não é um episódio. É pensado e planeado e é o trilho de sobrevivência e eventual crescimento numa travessia que pode ser mais longa do que o antecipado. E que o desejado. Por isso, vai invocar muitos salazares até lá.