Sábado – Pense por si

CGD: Sócrates acusa PSD de ser "infantil"

20 de junho de 2016 às 08:24
As mais lidas

Ex-primeiro-ministro comenta ligações do banco a Vale do Lobo, empreendimento turístico que é investigado no âmbito da Operação Marquês

O ex-primeiro-ministro José Sócrates considerou hoje que a comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos é uma "infantil manobra táctica preventiva" do PSD e "um ataque" a si e aos seus governos.

"Tem como objectivo principal lançar mais outro ataque de carácter sobre mim e sobre o Governo que liderei", escreve José Sócrates num artigo publicado na edição de hoje do Jornal de Notíciase na página na internet da TSF.

"O que me parece é estarmos perante uma infantil manobra táctica preventiva: acuso-te já para que não me venham a acusar", escreve Sócrates no mesmo texto, acrescentando que "é difícil acreditar que as necessidades actuais de capital da Caixa Geral de Depósitos se devam à responsabilidade do Governo que governou... há cinco anos".

O ex-primeiro-ministro diz que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi capitalizada em 2012, "outros bancos fizeram operações idênticas e passados uns anos devolveram (ou estão a devolver) o dinheiro emprestado pelo Estado".

"Se isso não aconteceu na Caixa é difícil não deduzir que o falhanço no reembolso da dívida e nas necessidades acrescidas de capital tenha a ver com o que se passou nos anos subsequentes", escreve.

Sócrates afirma ainda "peremptoriamente" que nunca interveio junto da administração da CGD "para que fosse concedido qualquer crédito" e nunca ninguém lhe pediu que o fizesse.

Para o ex-primeiro-ministro, "no centro deste ataque político" está "a imputação feita pelo Ministério Público relativa a Vale do Lobo", no âmbito da Operação Marquês, em que o ex-primeiro-ministro é arguido.

"Nunca tive conhecimento - nem tinha de ter - de nenhuma decisão da Caixa relativa a esse empreendimento turístico (...), até 2015, altura em que o assunto passou a ser noticiado, não conhecia nem os accionistas nem os gestores nem ninguém ligado a tal empreendimento", garante.

No artigo, Sócrates considera ainda que a proposta do PSD para a comissão de inquérito visa também "desacreditar tudo o que é público", sublinhando que "a Caixa teve problemas com créditos concedidos como tiveram todos os bancos em Portugal e no mundo".

"A iniciativa tem implícita o infame princípio de transformar eventuais más decisões (...) em crimes ou de corrupção ou de amiguismo. Esta é uma estratégia de terra queimada de quem está disposto a pôr de lado os fundamentos do Estado de Direito Democrático julgando sem acusação e condenando sem julgamento. (...) Para a direita política parece que chegou o tempo em que os fins justificam os meios, transformando o espaço da política em território de 'pequenos inquisidores'", escreve.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
No país emerso

Por que sou mandatária de Jorge Pinto

Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.