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Carlos Moedas: "Tragédia foi derivada de causas técnicas e não políticas"

Lusa 20 de outubro de 2025 às 20:19
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O presidente da Câmara de Lisboa aponta para as causas técnicas "e não políticas" do acidente.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, disse hoje que o acidente do elevador da Glória, que causou 16 mortos e cerca de duas dezenas de feridos, foi derivado a causas técnicas e não políticas.

Carlos Moedas reage ao relatório sobre o acidente do elevador da Glória, em Lisboa
Carlos Moedas reage ao relatório sobre o acidente do elevador da Glória, em Lisboa CMTV

A reação do autarca surge na sequência do relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), que aponta, nomeadamente, falhas à Carris, à manutenção e à supervisão.

"Ao contrário da politização que alguns fizeram durante a campanha, este relatório reafirma que a infeliz tragédia do elevador da Glória foi derivada de causas técnicas e não políticas", refere Carlos Moedas, numa curta declaração escrita enviada à agência Lusa.

O relatório preliminar do GPIAAF, hoje divulgado e a que a Lusa teve acesso, revela que o cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória e que cedeu no seu ponto de fixação da carruagem que descarrilou não respeitava as especificações da Carris, nem estava certificado para uso em transporte de pessoas.

"A utilização de cabos multiplamente desconformes com as especificações e restrições de utilização deveu-se a diversas falhas acumuladas no seu processo de aquisição, aceitação e aplicação pela CCFL [Companhia Carris de Ferro de Lisboa], cujos mecanismos organizacionais de controlo interno não foram suficientes ou adequados para prevenir e detetar tais falhas", sustenta este organismo.

A investigação refere que a Carris, no processo de compra de cabos para o elevador da Glória, enviou para os potenciais fornecedores especificações de cabos referentes ao elevador de Santa Justa, que são diferentes, não conseguindo detetar o erro nem explicar o engano.

De acordo com o GPIAAF, "por uma razão que a Carris não conseguiu explicar à investigação, e de que não foi possível encontrar evidências documentais na consulta feita aos fornecedores, foi adotada para os dois artigos adicionados, correspondentes aos cabos para os ascensores da Glória e do Lavra, a especificação fornecida" pela Direção de Manutenção do Modo Elétrico (DME) da Carris "para um dos cabos do elevador de Santa Justa, mudando apenas o diâmetro".

Este organismo público detetou falhas e omissões na manutenção do ascensor, apontando também a falta de formação dos funcionários e de supervisão dos trabalhos efetuados pela empresa prestadora do serviço.

O GPIAAF diz, por exemplo, que as inspeções previstas para o dia do acidente "estão registadas como executadas, embora detenha evidências de que não foram feitas no período horário indicado na correspondente folha de registo".

O relatório preliminar indica ainda que os ascensores, como o da Glória e do Lavra, em Lisboa, assim como os elétricos da Carris, estão fora da supervisão do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), estando apenas debaixo da fiscalização da própria empresa gestora.

O GPIAAF recomenda à Carris que não reative os ascensores de Lisboa "sem uma reavaliação por entidade especializada", e ao IMT que implemente um quadro regulamentar apropriado.

O acidente com o elevador da Glória, ocorrido em 03 de setembro, causou 16 mortos e cerca de duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.

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