O bispo pediu desculpa pela sua comunicação inicial e admitiu que a Igreja encobriu casos de abuso prometendo que isso não vai voltar a acontecer.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, José Ornelas, reconheceu ter havido encobrimento de casos por parte da Igreja e que as suas declarações iniciais sobre os abusos não foram eficazes. Garante que a Igreja irá ajudar a pagar tratamentos psiquiátricos. Mas recusa, em entrevista ao Expresso, que a instituição seja "um antro de pedofilia" ou que se deva suspender padres sem investigações complementares.
Ornelas refere que o objetivo da CEP "é [garantir] o apoio às vítimas" e reconhece que foram praticados "abusos sérios e dramáticos que têm um efeito devastador" para a qual promete "política de tolerância zero" por parte da Igreja. "Nós não abandonaremos nunca uma vítima que foi abusada na Igreja. E vamos dar todas as condições para que ela se possa reabilitar", assumiu, explicitando que será pago tratamento psicológico: "A pessoa apresenta a fatura e nós pagamos". E referiu ainda que indemnizações às vítimas ficarão a cargo do abusador.
Mariline Alves/Cofina Media
O bispo fez um mea culpa em nome da Igreja durante a entrevista ao semanário, reconhecendo ter havido encobrimentos: "Houve encobrimentos. Na própria cultura que existia na Igreja a vítima não era tida em conta para nada. Era comum um padre suspeito ser mudado para outro lado. Grande parte destas coisas não chegava aos bispos ou a um superior de uma congregação. A maioria das vítimas que agora falaram tem uma média de idades muito alta. Falaram no caso tantos anos depois porque o sistema em si não ajudava. E é por isso que eu digo que isto é um ponto de não retorno. Na Igreja isto não vai mais acontecer. Não é admissível".
O bispo reconheceu igualmente não ter sido "feliz" nas suas declarações aquando do primeiro comentário ao relatório, assumindo que "a comunicação não foi a adequada".
Ornelas admite que irão ser suspensos padres abusadores numa fase posterior da investigação, mas avisa: "Não podemos agir só porque apenas alguém acusou alguém."
O presidente da CEP admitiu ainda ao Expressoque vê com bons olhos a ordenação de homens casados e defende uma mudança "dentro da Igreja" para acabar com a obrigatoriedade do celibato dos sacerdotes, mas sublinhando que isso não significa necessariamente o fim dos abusos sexuais de menores, lembrando que há "papás e mamãs abusadores". "Eu sou heterossexual e não ando a deitar-me por aí assim de qualquer jeito. O que precisamos é de pessoas equilibradas. E quem abusa de crianças não pode andar bem", disse mesmo.
O bispo criticou ainda os "negacionistas" dos abusos que existem dentro e fora da igreja, reconhecendo que existem mas que não são "nem a maioria nem a parte mais significativa"
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