Sábado – Pense por si

Atentado ambiental no Tejo está a ser investigado

25 de janeiro de 2018 às 15:37
As mais lidas

A "poluição visual" conferida pelo manto de espuma branca e águas negras que correm junto ao açude de Abrantes levaram a uma intervenção da Agência Portuguesa do Ambiente. Veja o vídeo.

Pescadores, ambientalistas e autarcas afirmaram esta quinta-feira em Abrantes estarem "preocupados" e "indignados" com o manto de espuma que cobre as águas do Tejo, naquele troço do rio, tendo o vereador do Ambiente da autarquia criticado o "atentado ambiental".

Em declarações à Lusa, Manuel Jorge Valamatos disse que a "poluição visual" conferida pelo manto de espuma branca e pelas águas negras que correm junto ao açude de Abrantes, permite "constatar mais um episódio degradante de poluição no Tejo", com "problemas evidentes ao nível da qualidade e quantidade".

A carregar o vídeo ...

Segundo o autarca daquele município ribeirinho do distrito de Santarém, a situação que é visível desde quarta-feira no Tejo, onde o manto de espuma quase não deixa ver a água, "é um atentado ambiental que a todos preocupa e indigna", tendo defendido que "importa tomar medidas urgentes para que estes cenários não se voltem a repetir". A Agência Portuguesa do Ambiente já está no terreno a investigar a origem da poluição.

Na quarta-feira, um manto de espuma branca com cerca de meio metro cobriu o rio Tejo na zona de Abrantes, junto à queda de água do açude insuflável, num cenário que o ambientalista Arlindo Marques, do Movimento pelo Tejo — proTEJO –, classificou como "dantesco" e que ainda permanecia à vista de todos.

"Ando nisto há mais de três anos [a registar e denunciar episódios de poluição no rio] e este é um cenário dantesco e nunca visto", disse na quarta-feira o dirigente do proTEJO à Lusa, sublinhando que a "água castanha" e o "manto de espuma da morte", que ainda hoje cobria uma extensa parte das águas, constituía "um dos piores cenários" jamais registados naquele troço do rio.

"Parece o cenário de um filme, tanta espuma que mal deixa ver a água", disse o ambientalista conhecido na região Centro como o Guardião do Tejo, devido às horas que passa junto às margens do rio, de Vila Nova da Barquinha a Mação, a registar em fotos e vídeos os casos de poluição que encontra e que partilha nas redes sociais desde 2015.

"Este é o quarto dia em que isto está a acontecer, e ontem [quarta-feira] ainda estava pior, mas é só a jusante de Vila Velha de Rodão que isto acontece", observou, acrescentando que "a origem da poluição não está em Espanha", mas nas fábricas instaladas naquela localidade do distrito de Castelo Branco.

"Ontem [quarta-feira] fui com os pescadores a montante de Vila Velha de Rodão e não há lá poluição, a água está transparente", assegurou, tendo questionado o porquê de as entidades competentes não descobrirem a origem da poluição. Perguntou "Como é que não descobrem quem está a fazer isto?", tendo lembrado que o proTEJO já realizou diversas manifestações de protesto, queixas na Comissão Europeia e participações ao Ministério Público e que "nada se resolve".

"Os pescadores estão a passar fome, estamos na época da lampreia e o peixe não chega aqui, e apelo ao Presidente da República e ao Primeiro Ministro para que ponham cobro a isto porque, por este caminho, qualquer dia não há vida no rio", afirmou.

Revoltada com a poluição no rio Tejo e com os prejuízos financeiros estavam também os pescadores, tendo Maria dos Anjos Paiva, 61 anos, afirmado à Lusa que pesca em Abrantes desde pequena e que não encontra "nada para pescar, nem muge, nem tainha nem lampreias".

"Desde há dois anos para cá, isto é uma miséria autêntica. Isto é a morte dos pescadores todos por este rio abaixo, é a morte do Tejo, e ninguém nos ajuda", criticou.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Bons costumes

Um Nobel de espinhos

Seria bom que Maria Corina – à frente de uma coligação heteróclita que tenta derrubar o regime instaurado por Nicolás Maduro, em 1999, e herdado por Nicolás Maduro em 2013 – tivesse melhor sorte do que outras premiadas com o Nobel da Paz.

Justa Causa

Gaza, o comboio e o vazio existencial

“S” sentiu que aquele era o instante de glória que esperava. Subiu a uma carruagem, ergueu os braços em triunfo e, no segundo seguinte, o choque elétrico atravessou-lhe o corpo. Os camaradas de protesto, os mesmos que minutos antes gritavam palavras de ordem sobre solidariedade e justiça, recuaram. Uns fugiram, outros filmaram.

Gentalha

Um bando de provocadores que nunca se preocuparam com as vítimas do 7 de Outubro, e não gostam de ser chamados de Hamas. Ai que não somos, ui isto e aquilo, não somos terroristas, não somos maus, somos bonzinhos. Venha a bondade.