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ANA diz que "conversas recentes" com Ryanair indiciavam reforço da operação nos Açores

Lusa 15:18
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A Ryanair vai encerrar todos os voos para os Açores a partir de março de 2026, alegando as elevadas taxas aeroportuárias e "a inação do Governo".

A ANA Aeroportos de Portugal disse que o anúncio da Ryanair, de que vai encerrar os voos para os Açores, é uma "surpresa", revelando que "as recentes conversas" estavam "orientadas no sentido de aumentar, e não reduzir" a oferta.

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A Ryanair vai encerrar todos os voos para os Açores a partir de março de 2026, alegando as elevadas taxas aeroportuárias e "a inação do Governo", anunciou esta quinta-feira a companhia aérea de baixo custo.

Questionada pela Lusa, fonte oficial da ANA destacou que "a declaração da Ryanair constitui uma surpresa, sendo as recentes conversas com a companhia irlandesa orientadas no sentido de aumentar, e não reduzir a sua oferta de voos para Ponta Delgada".

O grupo, detido pela francesa Vinci, disse que "?as taxas aeroportuárias em vigor nos Açores, as mais baixas da rede" ficaram inalteradas em 2025, "não tendo a ANA proposto qualquer aumento para 2026".

De acordo com a concessionária, "essa redução de custo em termos reais (isto é, retirando o efeito da inflação) não pode assim justificar a mudança de posição da companhia".

A ANA disse ainda que mantém o diálogo aberto com a Ryanair "para identificar, além do conhecido posicionamento de comunicação da companhia, quais terão sido os elementos novos de contexto".

Além disso, a empresa "mantém uma colaboração estreita com o Governo Regional do Açores e entidades do turismo para assegurar a melhor conectividade aérea" de e para a região, "com a Ryanair e com os outros operadores".

O grupo lembrou que as rotas operadas pela Ryanair, entre Ponta Delgada, Lisboa e Porto são também operadas pela SATA e pela TAP.

A Ryanair anunciou hoje "que irá cancelar todos os voos de/para os Açores a partir de 29 de março de 2026, devido às elevadas taxas aeroportuárias (definidas pelo monopólio aeroportuário francês ANA) e à inação do Governo português, que aumentou as taxas de navegação aérea em +120% após a Covid e introduziu uma taxa de viagem de dois euros, numa altura em que outros Estados da União Europeia (UE) estão a abolir taxas de viagem para garantir o crescimento de capacidade, que é escasso".

A companhia argumenta que "infelizmente, o monopólio da ANA não tem qualquer plano para aumentar a conectividade de baixo custo com os Açores", acrescentando que a ANA "não enfrenta concorrência em Portugal - o que lhe permitiu obter lucros monopolistas, aumentando as taxas aeroportuárias portuguesas sem qualquer penalização - numa altura em que aeroportos concorrentes noutros países da UE estão a reduzir taxas para estimular o crescimento".

A Ryanair defende que o Governo "deve intervir e garantir" que os aeroportos nacionais - "uma parte crítica da infraestrutura nacional, especialmente numa região insular como os Açores - sirvam para beneficiar o povo português e não um monopólio aeroportuário francês".

Assim, consideram que a competitividade de regiões europeias mais remotas como os Açores está a ser prejudicada pelo que apelidam de taxas ambientais anticoncorrenciais da UE.

"O ETS [sistema de comércio de emissões] da UE aplica-se apenas a voos intraeuropeus, enquanto voos de longo curso, mais poluentes, para os EUA e Médio Oriente estão excluídos. Em vez de tornar a aviação europeia mais competitiva (reduzindo o ETS), a UE expandiu o ETS para abranger regiões remotas como os Açores - isentando concorrentes não pertencentes à UE, como a Turquia e Marrocos. A Ryanair volta a apelar a Ursula von der Leyen para garantir condições equitativas nas taxas ambientais da UE, trazendo imediatamente as taxas ETS para níveis equivalentes aos do CORSIA [o esquema de compensação e redução de carbono para a aviação internacional que se aplica aos voos de e para países terceiros]", referem.

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