Sábado – Pense por si

Alexandre Guerreiro torna-se "fact-checker" ao serviço da máquina de propaganda de Putin

Alexandre R. Malhado
Alexandre R. Malhado 16 de dezembro de 2025 às 23:00

No último semestre, o português fez quatro viagens à Rússia e uma à Venezuela como membro de grupo de fact-checking ligado ao Kremlin, pagas parcialmente por entidades russas. Jornalistas acusam-no de ser “difusor ativo de narrativas” de Putin.

No dia 10 de junho, feriado nacional de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Alexandre Guerreiro estava em Moscovo, Rússia. De copo na mão, sentado no topo do luxuoso Hotel Ukraina, sediado num histórico arranha-céus inaugurado durante o regime de Josef Estaline, provava um conhaque Koktebel, produzido na península da Crimeia, atualmente território ucraniano ocupado pela Rússia. O português estava num momento de descontração, mas não se deslocou à Rússia de férias: quatro dias antes, foi orador no Fórum Global Digital, em Nizhny Novgorod, em palco ao lado do vice-primeiro-ministro russo, Dmitry Grigorenko, do ministro dos Negócios Estrangeiros Adjunto, Sergey Vershinin, entre outros, a falar sobre o combate à desinformação. E em que qualidade foi? Especialista do Global Fact-Checking Network (GFCN), projeto de verificação de factos cocriado pela agência estatal russa de notícias TASS, que mimetiza as instituições de fact-checking dos países democráticos, enquadrando-a numa narrativa alinhada com os interesses do Kremlin.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais
A lagartixa e o jacaré

Dez observações sobre a greve geral

Fazer uma greve geral tem no sector privado uma grande dificuldade, o medo. Medo de passar a ser olhado como “comunista”, o medo de retaliações, o medo de perder o emprego à primeira oportunidade. Quem disser que este não é o factor principal contra o alargamento da greve ao sector privado, não conhece o sector privado.

Adeus, América

Há alturas na vida de uma pessoa em que não vale a pena esperar mais por algo que se desejou muito, mas nunca veio. Na vida dos povos é um pouco assim também. Chegou o momento de nós, europeus, percebermos que é preciso dizer "adeus" à América. A esta América de Trump, claro. Sim, continua a haver uma América boa, cosmopolita, que gosta da democracia liberal, que compreende a vantagem da ligação à UE. Sucede que não sabemos se essa América certa (e, essa sim, grande e forte) vai voltar. Esperem o pior. Porque é provável que o pior esteja a chegar.