Esta decisão do presidente da Assembleia da República surge em resposta a uma queixa do CDS-PP.
O presidente da Assembleia da República decidiu esta terça-feira solicitar à Comissão de Transparência a abertura de um inquérito por "eventuais irregularidades graves praticadas" pela deputada do BE Mariana Mortágua por um gesto dirigido a Paulo Núncio.
Mariana MortáguaAR TV
Esta decisão do presidente da Assembleia da República surge em resposta a uma queixa do CDS-PP, segundo a qual Mariana Mortágua, ex-coordenadora do BE e deputada cessante dirigiu um "gesto grosseiro" ao líder parlamentar democrata-cristão, Paulo Núncio, em plenário, "levantando a mão direita com o punho fechado, com exceção dos dedos indicador e mindinho".
No despacho, a que a agência Lusa teve acesso, José Pedro Aguiar-Branco solicitou, por outro lado, à secretária-geral da Assembleia da República "que diligencie pela obtenção das imagens recolhidas pelo Canal Parlamento no decurso da referida sessão plenária e pela sua remessa à Comissão Parlamentar de Transparência".
O presidente de Assembleia da República considera que "os factos relatados podem configurar uma violação dos deveres fundamentais dos deputados" consagrados nos respetivos Estatuto e Código de Conduta.
"Nos termos do Estatuto dos Deputados, impende sobre os deputados o dever de respeitar a dignidade da Assembleia da República e dos demais deputados. O Código de Conduta reforça esta obrigação, determinando que os deputados devem desempenhar as suas funções com respeito pelos demais deputados, intervir nos trabalhos parlamentares com urbanidade e lealdade institucional e abster-se de comportamentos suscetíveis de não prestigiar a instituição parlamentar", refere Aguiar-Branco.
Segundo o presidente da Assembleia da República gestos como o que Mariana Mortágua fez "são passíveis de ser interpretados como ofensivos, degradantes ou atentatórios do decoro e da dignidade da Assembleia da República", pelo que "a factualidade descrita poderá ser suscetível de censura à luz dos princípios que regem o exercício do mandato parlamentar".
"Um gesto como o alegadamente praticado, ao atingir diretamente um deputado no exercício do mandato, extrapola o âmbito da discordância política ou da liberdade de expressão, não contribuindo para o debate político ou para o esclarecimento público, antes atentando contra a confiança institucional, a dignidade individual do deputado visado e o prestígio coletivo da Assembleia da República", acrescenta.
Neste despacho, Aguiar-Branco assinala que Mariana Mortágua "já comunicou que irá cessar funções como deputada, circunstância que, na prática, poderá tornar inútil o prosseguimento do inquérito".
No seu entender, "todavia, tal facto não diminui a obrigação legal e institucional do presidente da Assembleia da República de determinar o encaminhamento da denúncia à instância competente".
"O encaminhamento permanece necessário para assegurar o apuramento objetivo dos factos, preservar a dignidade e o decoro da Assembleia da República e garantir a integridade do registo institucional das condutas parlamentares, cumprindo-se, assim, os princípios da responsabilização, da transparência e da salvaguarda do prestígio da instituição, independentemente de cessação futura do mandato por parte da deputada visada", defende.
Aguiar-Branco solicita inquérito a Mariana Mortágua por gesto dirigido a Paulo Núncio
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui ,
para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana. Boas leituras!
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Fazer uma greve geral tem no sector privado uma grande dificuldade, o medo. Medo de passar a ser olhado como “comunista”, o medo de retaliações, o medo de perder o emprego à primeira oportunidade. Quem disser que este não é o factor principal contra o alargamento da greve ao sector privado, não conhece o sector privado.
Há alturas na vida de uma pessoa em que não vale a pena esperar mais por algo que se desejou muito, mas nunca veio. Na vida dos povos é um pouco assim também. Chegou o momento de nós, europeus, percebermos que é preciso dizer "adeus" à América. A esta América de Trump, claro. Sim, continua a haver uma América boa, cosmopolita, que gosta da democracia liberal, que compreende a vantagem da ligação à UE. Sucede que não sabemos se essa América certa (e, essa sim, grande e forte) vai voltar. Esperem o pior. Porque é provável que o pior esteja a chegar.
A mudança do Chega sobre a reforma laboral, a reboque do impacto da greve, ilustra como a direita radical compete com as esquerdas pelo vasto eleitorado iliberal na economia.