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Advogado critica detenção de autarca de Barcelos e "investigação espetáculo"

29 de maio de 2019 às 17:55
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Pedro Marinho Falcão disse que o "normal" seria a convocação do autarca para prestar declarações e consequente aplicação das medidas de coação consideradas adequadas

O advogado Pedro Marinho Falcão classificou hoje de "absolutamente inadmissível e inaceitável" a detenção do presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes (à direita na foto), e acusou o Ministério Público (MP) de promover uma "investigação espetáculo".

Em declarações à Lusa, Pedro Marinho Falcão disse que o "normal" seria a convocação do autarca para prestar declarações e consequente aplicação das medidas de coação consideradas adequadas.

Presidente do IPO adjudicou 360 mil euros à mulher de autarca do PS

Desde 2017, Laranja Pontes fez 13 contratos com a agência de comunicação da mulher de Joaquim Couto, presidente da Câmara de Santo Tirso, e seu colega de curso de Medicina no Porto. Foram todos detidos hoje - Portugal , Sábado.

"Este circo mediático de colocar um presidente de câmara sob medida de detenção inibitória da liberdade é absolutamente inadmissível e inaceitável e é o produto da forma como o MP conduz a investigação em Portugal", referiu.

Para o advogado, o MP "pretende uma investigação espetáculo e não uma investigação para a descoberta da verdade, com a tranquilidade e a serenidade necessárias para que pessoas possam ser julgadas nos tribunais e não na praça pública".

O presidente da Câmara de Barcelos foi hoje detido pela Polícia Judiciária (PJ) no âmbito de um processo em que estarão em causa os crimes de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio.

Na mesma operação, foram ainda detidos o presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, o presidente do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, Laranja Pontes, e uma empresária, mulher de Joaquim Couto.

Em comunicado, a Diretoria do Norte da PJ explica que em causa está "a prática reiterada de viciação de procedimentos de contratação pública com vista a favorecer pessoas singulares e coletivas, proporcionando vantagens patrimoniais".

Pedro Marinho Falcão disse à Lusa que, até ao momento, apenas sabe que Costa Gomes está indiciado por corrupção, desconhecendo "por completo" quais os factos que estarão em causa, porque ainda não teve acesso aos autos.

"Desconhecem-se quais os indícios porque das buscas realizadas não foi recolhido nenhum elemento, informação ou qualquer outro tipo de elemento informático", referiu.

Lembrou que Costa Gomes já tinha tido, recentemente, buscas na sua casa e que sempre colaborou com as autoridades, para reiterar que "não havia razão nenhuma para ser detido".

"Esta exposição pública, detendo um autarca honrado que não regista problema criminal nenhum, não dignifica a nossa justiça", disse ainda.

Na operação policial, denominada Teia, realizaram-se 10 buscas, domiciliárias e não domiciliárias, nas zonas do Porto, Santo Tirso, Barcelos e Matosinhos que envolveram dezenas de elementos da Polícia Judiciária - investigadores, peritos informáticos, peritos financeiros e contabilísticos, bem como magistrados judiciais, magistrados do Ministério Público e representantes de ordens profissionais.

Fonte da Câmara de Matosinhos confirmou hoje à Lusa que a PJ realizou esta manhã buscas nos paços do concelho.

Segundo a mesma fonte, os agentes da PJ "recolheram documentos" na Câmara.

A investigação, adianta a PJ, "vai prosseguir para apuramento de todas as condutas criminosas e da responsabilização dos seus autores".

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