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68,1% dos jovens legitimam pelo menos um tipo de violência no namoro

O controlo é o tipo de violência mais legitimado pelos jovens portugueses, revela o estudo da UMAR.

Mais de dois terços dos jovens (68,1%) que frequentam entre o 7º e o 12º ano de escolaridade legitimam pelo menos um tipo de violência no namoro, revela oEstudo Nacional sobre a Violência no Namoroda UMAR. Este ano, contou com as respostas de 6.152 jovens, de todos os distritos de Portugal.

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A realidade é que os dados apresentados esta manhã no Portonão diferem muito dos apresentados o ano passado.  Ainda assim, nota-se um ligeiro aumento na percentagem de jovens que legitimam pelo menos um tipo de violência, de 67,55 para 68,1%, e uma diminuição nos indicadores de vitimação.  

Margarida Pacheco, coordenadora do Projeto ART’THEMIS+, explicou em conferência de imprensa que em alguns dos casos os jovens "até podem considerar os comportamentos descritos como uma falta de respeito, mas não os consideram como atos de violência" e por isso é que existem níveis de legitimação tão elevados.

O tipo de violência mais legitimada pelos jovens é o controlo (54,6%), especialmente quando este é praticado através de "utilizar o telemóvel da outra pessoa sem autorização para verificar as suas redes sociais". De seguida, encontra-se a violência psicológica (33,5%), com 27,9% dos jovens a considerarem normal serem insultados durante uma discussão e 14,7% a legitimarem serem insultados através das redes sociais.

A violência nas redes sociais, legitimada por 18,9% dos jovens, ocorre, na maior parte das vezes, depois de a relação terminar.

Existem ainda 9,7% dos jovens a legitimar a violência física.

De uma forma geral, a UMAR conseguiu identificar que os inquiridos do género masculino legitimam mais comportamentos de violência durante o namoro do que os do género feminino. No inquérito os jovens puderam assinalar também se se identificavam com outro género, mas devido à dimensão da amostra, os dados não foram considerados para esta comparação.

O Estudo Nacional sobre a Violência no Namoro é dividido em duas partes: se por um lado é avaliada a forma como os jovens legitimam a violência, por outro é questionado a que tipos de violência já foram sujeitos. Nos indicadores relativos à vitimação auto-reportada 63% dos jovens admitiram que já estiveram numa relação onde experienciaram pelo menos um tipo de violência.

43% dos inquiridos referiram que já foram proibidos de estar ou falar com alguma pessoa, número que aumenta para 47% se foram consideradas apenas as raparigas. 39,9% dos inquiridos já sofreram de pelo menos uma forma de violência psicológica, 20,4% de perseguição, e 18,4% de alguma forma de violência sexual, nomeadamente serem obrigados a beijar, e 11% sofreram violência física.

Todas as formas de violência foram mais reportadas pelas raparigas do que pelos rapazes, com exceção da violência física.

Como o inquérito é feito através de perguntas fechadas, as investigadoras admitiram que existe "falta de contexto para as situações de violência". No entanto, já está a ser desenvolvido um outro estudo para conseguir dar respostas a outras questões.

Para combater a violência no namoro, a UMAR acredita que é necessária uma utilização mais educativa das redes sociais mas de uma forma simples e com a qual os jovens se identifiquem, para que fiquem mais atentos para o problema. Além disso, alertam para a necessidade de as escolas terem técnicos especializados capazes de estar alerta para a violência mas também capazes de dar apoio aos jovens que já se encontram em situações de violência.

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